C.B. (Pereira)
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Raça: Europeu Comum
D. Nascimento: 2001-07-01
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O que a C.B. faz de melhor, de há um tempo para cá, é isto: bufar. Também berra como se estivesse a ser maltratada, assim que cheira comida de lata ou ouve o som de uma a ser aberta. Mas a C.B. (Companheira da Beca, que foi a mãe assassinada do Farofa e a única resistente do grupo original de três de há quatro anos atrás) não foi sempre assim. Tinha um feitiozinho especial, é certo, e não ia lá muito à bola com o Nelson. Mas gostava muito de mim (acho que se ressentiu de se ter achado muito mais graça às quatro bolitas de pêlo que vieram com ela - Piu Piu, Din Din Gonzalez, Beca e Miki) e chegava a bater-me quando me levantava para me vir embora, depois das festinhas e da comidinha (a que não costumava ligar muito, curiosamente). Foram várias as vezes em que o Nelson teve de a agarrar por trás para que eu pudesse levantar-me, porque ela não queria que me viesse embora, e chegou a dar-me umas patadas por o ter feito. É uma gatinha miudinha, que sobreviveu de uma ninhada linda de quatro. Os outros morreram (já com uns cinco meses, por aí) e ela resistiu porque se associou à Beca, mais velha do que ela. Passaram a ajudar-se uma à outra, até a tomar conta de algumas ninhadas que tiveram (da mesma forma que a Beca tinha feito com a Cinza, do referido grupo original, antes de esta morrer, atropelada, parece, com nininhos bebés). A Beca era uma das minhas paixões mas acabou por vir a C.B., de quem também gostava muito, é claro (ou não sejam todos eles necessitados de protecção e de amor). A C.B. esteve desaparecida depois da morte brutal da Beca. Talvez o que viu a tenha assustado demasiado. Entretanto, reapareceu, para desaparecer outra vez. Quando regressou, estava mais magrita do que o normal porque tinha tido filhotinhos. Depois da confirmação da morte da Beca não quis arriscar e fui até Vilamoura, para a trazer a ela e à Nina. Vou quase sempre no Expresso das nove da noite e chego por volta da meia-noite e meia. O sítio delas era sempre o primeiro onde íamos mas a C.B. não respondeu ao chamado. Demos a volta e regressámos. Desta vez, a C.B. surgiu: magrinha, carente e triste. Sentei-me no chão, ela encostou-se, a miar baixinho, e ali ficámos a fazer-lhe companhia por uns 45 minutos. E eu a chorar pela Beca. No fim desse tempo, como não tínhamos a certeza de ela ter estado grávida, resolvi ir à procura de um sítio onde pudesse ter escondido filhotes mas sem resultado. Fui ter com ela, chamei-a e perguntei-lhe: "C.B., onde estão os filhotinhos? Onde estão os nininhos, C.B.?" Ela respondeu-me e deu uns passitos na direcção de onde eu tinha vindo e eu insisti nas perguntas. Ela foi indo e eu enfiei por outro lado e fiquei à espera. Mas ela tinha saltado para um canteiro, chamava-me e miava, à minha espera. Fui atrás dela, até onde ela me mostrou, e ouvi os miadinhos de bebés. Não dava para procurá-los sem os pisar, portanto, com grande custo, fomos para casa. Eram 3.40, mais ou menos. Aguentei até às 6.30. e fomos buscá-los. Deveriam ter acabado de abrir os olhos mas ainda estavam mal abertos, presos ainda, em alguns casos. A C.B. não queria entrar e deu um trabalhito. Até fez xixi na transportadora no caminho até casa, o que provocou os berros desconsolados dos putos (que ecoaram àquela hora de uma manhã de Domingo). Manteve-se desconfiada e arredia mas sempre me deixou mexer nos kidões. Eu via que ela se ressentia um pouco e que os abraçava como se fossem o seu tesouro mas eram lindões demais para não os agarrar, mesmo que por pouquinho tempo. E também se ressentia por já não ser "tão" importante como antes (ela tinha muitos ciúmes da Beca, apesar de gostar muito dela) e ficou ressabiada. É por isso que parece esta vampirona: é magrita mas tem uma dentuça valente (e uns olhões enormes). Não disciplina as crianças, que estão a crescer como bem lhes dá na telha e que são uns mal-educados (com a excepção da Piu Piu e, um pouco, do Din Din). O pessoal continua a chupá-la e chega a arrastá-la um pouquinho pelo chão porque ela é do tipo "petite" e eles estão a ficar cheios de força e de malandrice. A data do seu nascimento também é uma hipótese, calculada a partir da altura em que se aproximou de nós.
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