Ticker

Raça: Rafeiro Comum D. Nascimento: 1989-12-15 D. Óbito: 2005-04-04

O Ticker entrou na minha vida como substituto, por morte de um cachorro chamado Blacky, quando uma tia decidiu minorar o meu desgosto com um presente especial… fui buscar um pequenito de 4 meses a uma morada onde vivia com as galinhas, por ser impossível permitir que a cadela da casa, uma portentosa dobermann, brincasse com tamanha pequenez… Talvez por esta infância atribulada, Ticker, assim baptizado porque a dona se rendeu ao nome do cão de uma famosa mulher de futebolista da época, fez jus ao nome e tornou-se um nervosinho ruivo que destruía tudo em casa… facto que fez com que vivesse uma parte do seus dias acorrentado durante as horas em ficava sozinho, ou transformava a varanda num belo jardim…

Ironia do destino, um acidente viria a tornar a sua vida muito melhor… aos 4 anos de idade, num passeio pelas redondezas, não gostou de estar parado e num recuo estratégico, saiu-lhe a coleira pela cabeça fora… estouvado como era, atravessou a rua. Ao chegar ao outro lado e ao não ver a dona, decidiu voltar… até atravessou em cima de um passadeira, mas com tal rapidez, um carro não teve tempo de travar… felizmente não foi grave, apenas uns rasgões (digo eu agora, na altura pareceu-me o fim do mundo…). O certo é que durante a recuperação cresceu, amadureceu, aprendeu a comportar-se, e os donos adultos aprenderam que ele podia ser um cão exemplar.

A partir daí não houve mais correntes a não ser na rua. A sua dedicação não é descritível em poucas palavras, como a de qualquer cão. Continua a ser “eléctrico” mas a idade já lhe roubou alguma folia. A cor do seu semblante revela uma longa vida e o brilho dos olhos já um pouco ofuscados transborda de amor e de uma alegria infinda quando olha para mim. E hoje tenho lágrimas nos olhos por vos falar dele. Porque nem sempre lhe dei a vida que merecia, por não saber ou não poder, porque hoje não tenho tempo para lhe dar a atenção que merece, porque um dia sei que vou ficar sem ele, porque o Ticker é o meu cão, aquele que vou sempre recordar e referir como “O” meu cão.

P.S. O Ticker deixou este mundo a 4 de Abril de 2005, quando teve que ser posto a dormir depois de ter paralisado e estar a sofrer sem melhoras durante 48 horas. Viverá para sempre no meu coração e um dia confio que o reencontrarei...