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Veterinários Sem Fronteiras apoiam amigos dos animais |
Autor: josé mota | | Fernando Rodrigues, Thomaz Busch e Ines Leeuw, três veterinários com uma só causa diminuir a proliferação de animais abandonados | Trabalham no anonimato. Quase não se dá pela sua presença. São dois médicos alemães, da organização Veterinários Sem Fronteiras, que trabalham 12 horas por dia no Centro Veterinário Municipal de Valongo.
As suas funções resumem-se à castração de cães e de gatos, pertencentes a associações da área que se dediquem, sem fins lucrativos, à recolha e protecção de animais abandonados. Só nestas condições é que os dois germânicos trabalham. Em meia-dúzia de dias em Valongo, irão castrar, entre machos e fêmeas, cerca de 200 animais, pertencentes ao Cantinho das Quatro Patas, aos Amigos dos Animais de Valongo, à Associação da Quinta e ao próprio canil municipal.
Vieram de Cabo Verde e hoje seguirão para Espanha e, depois, para a Grécia. Esta é a segunda presença em Portugal, pois já estiverem em Loulé.
Mas por que carga de água surgiram dois alemães em Valongo? Muitos simples. Devido ao contacto mantido entre Fernando Rodrigues, o veterinário municipal, e a Europaischer Tier-Uno Naturschutza (ETN), a entidade, também alemã, que paga aos dois veterinários. Trata-se de uma organização que se dedica aos animais e à natureza, apoiando projectos que tenham pernas para andar. No caso concreto, sabendo a ETN o trabalho que Fernando Rodrigues está desenvolver, em Valongo, para evitar a proliferação de animais abandonados, logo disponibilizou dois veterinários e um operador de câmara, que regista tudo o que seja relacionado com as tarefas dos dois veterinários, desde a chegada dos animais até ao regresso ao canil que os acolheu.
Começam a trabalhar às oito horas e só param meia hora para um almoço-lanche, cerca das 16 horas. Como são vegetarianos, nada melhor do que um salto a um supermercado para comprar pão, bolachas e tostas integrais, queijo, iogurtes, chocolates e água. E aí está uma refeição para entreter o estômago e preparar mais quatro horas de trabalho.
As condições no Centro Veterinário Municipal de Valongo, em Campo, são excepcionais e nada ficam a dever a uma clínica. Extremamente zelosos, os dois veterinários preparam os animais com muita atenção, tendo cuidados especiais com a esterilização do material.
A castração de uma fêmea demora 40 minutos, menos dez se se tratar de um macho. A ideia é sempre a mesma evitar o aumento de gatos e cães vadios. Mas o objectivo pode ir um pouco mais longe: a castração das fêmeas evita o quase sempre letal cancro nos ovários. Nos machos, torna-os mais dóceis, sobretudo em relação a outros animais, diminuindo-lhes a agressividade.
Alguns minutos depois da pré-anestesia, o animal, já dormente, é submetido a uma segunda anestesia, assim como lhe é injectado antibiótico, para prevenir infecções, e um produto para impedir a dor. Meia hora depois da castração, já salta, feliz e contente, pronto para o último acto - a desparasitação. Fica 24 horas de quarentena, para que os médicos possam verificar se houve complicações pós-operatórias. Se tudo estiver bem, lá regressa o cão ou o gato à associação que o acolheu.
Com um trabalho a todos os títulos exemplar e um profissionalismo digno do maior realce, Ines Leeuw e Thomaz Busch perseguem há oito anos o mesmo objectivo: acabar com os animais no meio das ruas. Uma tarefa anónima, que muitas vezes tem como único testemunho a objectiva atenta de Stefan Bröcklinj.
Veterinários Sem Fronteiras apoiam amigos dos animais
Um trabalho que passa despercebido
Fazer bem aos animais não merece, regra geral, honras de um título nas primeiras páginas. Daí que a tarefa desenvolvida pelos dois veterinários alemães passe despercebida ao comum dos mortais, se calhar também ele pouco dado à questão dos direitos dos animais. Mas eles não parecem nada preocupados por a fama lhes passar ao lado. Têm um objectivo que os une, quiçá uma utopia: acabar com os animais abandonados.
Para tal, trabalham 12 horas por dia e todas as semanas mudam de país, às vezes de continente. É um trabalho ciclópico, que os obriga a não ter descanso. Os animais agradecem, o homem segue indiferente. Prefere assobiar para o lado.
Autor: Carlos Santos
Fonte:
http://jn.sapo.pt/2006/11/30/sociedade_e_vida/veterinarios_fronteirasapoiam_amigos.html
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