Cirandava eu por outro fórum de gatos, a Arca de Noé, quando me deparei com um pedido de ajuda sobre uma gata preta grávida, em Santa Marta de Corroios, com as indicações precisas do local onde a gata se encontrava. Percebi que só podia ser a gata de que a Filipa já me tinha falado, já que é em Santa Marta que mora. Resolvemos então ir procurá-la as duas no dia seguir. Não foi dificil dar com um abrigo debaixo dum carro abandonado. Aquela era a casinha da Marta.
Chamámos, e a gatinha apareceu logo, o pelo preto brilhante, com uma ligeira falha no focinho e uma barriga lustrosa. O parto parecia para muito breve. Apesar do apelo pedir alguém para tomar conta da gata e dos gatinhos que nascessem, reparámos no problema de tinha e tomámos logo ali a decisão de tentar esterilizá-la. Por várias vezes nesse dia liguei para uma associação sem sucesso. Uma das vezes tive sorte e a pessoa atendeu-me. Mostrou-se disponível, e sim, podiamos levar a gatinha para esterilizar. Fomos buscar uma transportadora, e seguimos com ela para a clinica.
Na clínica, após a cirurgia
A doutora quando a viu franziu logo o sobrolho:"Ela está com tinha, e gatinha e bébés com tinha... Vamos já hoje esterilizá-la".
A esterilização da Marta, apesar dos nosso receios, correu bem. Fomos visitá-la todos os dias dessa semana, e ela derretia-se sempre com os mimos. Foi-nos dito que não éramos as únicas visitas da Marta, o que não estranhámos, pois ela tornou-se de certa forma a mascote daquela praceta. Uma das vezes encontrámos uma moça acompanhada pela mãe. Costumavam dar-lhe comida e tinham visto o papel que a Filipa deixou no carro que lhe serviu de abrigo, a avisar que iamos levar a gatinha. Levavam latinhas para a Marta. Trocámos contactos para as manter a par da saúde da Martinha. A moça até alvitrou que os pais poderiam ficar com ela, mas o pai (homens, sempre os maus da fita!) embirrou que não e a Martinha lá continuou sem dono.
Depois da esterilização era preciso arranjar uma casa para ela ficar, mas o tenebroso monstro TINHA afastava as pessoas. Será que ninguém sabe que o vulgar "pé de atleta" é uma tinha? A Filipa, na altura com a Kira doente, e eu com o Sunny como pendura, não tinhamos muitas opções. E na clínica continuava o Beauty, outra das nossas “aventuras”, a quem tinhamos também de arranjar um lar. Várias vezes eu e a Filipa nos entreolhámos: as duas de baixa, a receber metade do ordenado e ainda a metermo-nos em despesas e preocupações, quando deviamos era estar em casa a olhar para o tecto, a convalescer das nossas maleitas.
2 meses depois, o check-up na clínica
Chegados ao fim dos 7 dias de recuperação da esterilização, ninguém se mostrou disponível para ficar com ela, ainda para mais com a tinha, à qual ela tinha de fazer tratamento durante bastante tempo, e nem eu nem a Filipa a queriamos colocar de novo na rua. Foi a Filipa a que salvou a situação, resolvendo que a hipótese melhor era fechá-la na casa que tem em contrução. Estava fechada mas pelo menos protegida quer de pessoas maldosas, quer dos cães que, soubemos depois, já lhe tinham atiçado mais do que uma vez.
Resolvemos só colocar anúncios para arranjar um dono para a Marta quando ela estivesse boa da doença de pele, pois achámos que ninguém ia querer ficar com ela enquanto estivesse doente. Se nem para tomar conta dela e a tratar aparece alguém, quanto mais um dono, foi o que pensámos.
Ao colo da filha dos novos donos
O tempo foi passando e todos os dias a Martinha tomava o seu comprimido da tinha, e recebia um monte de festas em cada visita, além de ocasionais sessões de paticure e muita, muita brincadeira. Bastava olharmos para ela que começava a fazer um ronron descomunal e a roçar-se nas nossas pernas. A Marta tinha fome, sim, mas era uma fome de ternura e de contacto humano. Por várias vezes, as turras aos nossos braços quando lhe colocávamos comida quase derramaram as taças.
Um dia, já sem esperarmos, a Filipa recebeu um telefonema. Era uma das visitas da Martinha na clínica, uma rapariga que morava na praceta, a mesma que lhe tinha construido o abrigo. Disse que afinal os pais estavam na disposição de ficar com a Marta, o pai tinha reconsiderado, e que não importava o tratamento da tinha, eles acabavam o tratamento.
E assim foi. A Martinha é agora o "ai Jesus" da casa, vive ao colo dos donos, só quer mimos, é extremamente meiga, e claro que cativou até o homem da casa, o mais renitente na sua adopção. Entretanto a Marta já voltou ao veterinário, à mesma clinica onde foi esterilizada, para verificar a evolução da tinha e fazer os seus testes de FIV e FeLV, que deram negativos.
Neste caso pode mesmo acrescentar-se: "E viveram felizes para sempre..."
estas coisas normalmente nao acontecem, as pessoas quase sempre acabam por deixar os animais a morrer na rua. foi um final muito feliz e ela teve sorte em encontrar uma casa, e nao ser uma das muitas gatas que acabam por morrer na rua atropeladas, com doenças, com fome, falta de carrinho ou ate com maus tratos das pessoas que nao tem compaixao por um animal doente e com fome.
muitos bjxs e muitas felicidades e tambem espero que todas as historias tenham um final muito feliz como este.
Aprecia a sorte que tiveste minha linda, porque donos desses são uma espécie em extinção.
Ama-os como eles te amarão a ti com toda a certeza. Beijinho grande às tuas protectoras sem as quais não terias saído da rua.
Um dos meus gatos é preto e a outra malhadinha. Se eu adoptar mais um gato, será preto. Faz-me confusão cm ainda há preconceito (felizmente cd x menos) em relação aos bichanos pretos.
E que linda que é a Martinha... "Black is beautiful" este slogan não me sai da cabeça, gostava imenso de fazer uma campanha a favor dos felinos pretos, mas faltam-me as ideias... Quem ajuda com ideias ?????
Boa tarde. Ao falar há uns minutos ao telefone c a Carla, ela disse que a gata está linda e disse p vir aqui espreitar. Sim senhora, a gata está lindissima
Felizmente, neste caso houve uma associação a ajudar na esterilização que ficou a um preço simbólico de 25€, e a pessoa que pediu ajuda para a Marta também contribuiu para a sua esterilização com 7 euros. No total as despesas da Marta rondaram os 50€. Se não tivessemos tido alguma colaboração de outras pessoas, e alguns descontos, o panorama teria sido negro como a Marta... Isto para dizer que ajudar um animal não é tão fácil como parece.
Só é pena é ver que pedidos de ajuda há mtos, agora quem se disponha a ajudar no concreto são sempre os mesmos. E o pior é que pedem ajuda e dp sacodem a água do capote e não querem saber de mais nada a não ser de se gabarem que fizeram mto.
Desculpem o desabafo mas às vezes já cansa, lançar pedidos de ajuda é o mais fácil. Os outros que se amanhem.
Ajuda concreta no terreno não é para todos, é só para aqueles que levam a coisa tão a sério que dp não dormem a pensar nos pobrezinhos em apuros.
Beijinhos para as meninas salvadoras e mto boa sorte para a Martinha na sua nova casinha!
Bolas! Também não podem ser sempre desgraças!!! Pois, é este tipo de casos que nos dão animo e força para não ficarmos de braços cruzados perante este tipo de situações, em que os nossos bichinhos não podem contar com mais ninguêm sem ser com algumas almas caridosas.
Mais uma vez, Parabéns às Felinodependentes e à nova dona!
vocês são extraordinárias. Prabéns às duas e obrigado por existirem e fazerem bem quando tantos outros andam para aí a semear o mal. Quanto à Martinha, ainda bem que encontrou uns donos que, espero, estejam à altura das protectoras!!!! Beijinhos pra vcs e pra Marta gata
Quando comecei a ler este artigo pensei: "Mais um peludinho com um fim triste!! Até estava com medo de ler tudo até ao fim. Mas, graças a Deus e a vocês duas, esta é mais uma das muitas histórias que terminam bem!! Parabéns!!