Felinos (e não só): a exposição solar e o carcinoma espino-celular
Todos sabemos que os felinos gostam de se deliciar ao sol, aproveitando os seus passeios ao exterior ou procurando os raios de sol que entram pelas janelas quando estão em casa. No entanto, importa que todos estejamos conscientes dos riscos associados à exposição solar de alguns dos nossos adorados animais.
Sem qualquer intuito alarmista nem pretensão científica, pretende-se, de seguida, com base em alguma pesquisa bibliográfica e experiência pessoal, alertar e consciencializar os “donos” de animais com pele despigmentada para o perigo real do desenvolvimento de carcinoma espino-celular devido à exposição solar.
O carcinoma espino-celular é um tumor cutâneo que se desenvolve, sobretudo, nas zonas de pele despigmentada (branca/rosada) e com pouco pêlo que sofrem maior exposição aos raios solares, ou seja, no nariz, nas orelhas, nas pálpebras, nos lábios e, com menor incidência, nos dedos dos felinos. Não se pense, portanto, que este tipo de carcinoma afecta apenas os gatos brancos, pois qualquer animal, independentemente da sua coloração de pêlo, poderá correr riscos se tiver a pele despigmentada (branca) nas zonas do corpo já indicadas.
carcinoma espino-celular
carcinoma espino-celular: evolução
A excessiva exposição destas zonas de pele despigmentada aos raios solares ultravioleta provoca uma alteração celular originando uma lesão na pele que resulta, frequentemente, num tumor quase sempre maligno (carcinoma).
Embora não tenha tendência a a criar metástases que afectem outros órgãos do animal, o carcinoma espino-celular é um tumor muito agressivo pela rapidez com que pode invadir o tecido cutâneo. Por isso, a detecção precoce de quaisquer lesões na pele é fundamental para um tratamento bem sucedido.
carcinoma nasal
A intervenção cirúrgica para remover a pele afectada é uma das formas de combater a progressão do carcinoma. Logo, quanto mais precoce for a detecção do carcinoma, maior será a margem de segurança conseguida com a intervenção cirúrgica e maiores serão as probabilidades de o tumor não voltar a aparecer nesse local (recidivar).
Por outro lado, apesar de a cirurgia de remoção dos tecidos afectados ser o método preferencial, não será viável nos casos avançados de carcinoma, sobretudo quando este se situa no nariz. Haverá, nestes casos, métodos alternativos como a radioterapia e a crioterapia (congelamento da neoplasia), mas o ideal será que não se chegue a uma situação limite, sem terapêutica possível.
Romeu após cirurgia
Ilustra-se com o exemplo concreto da autora deste artigo, cujo gato, Romeu, desenvolveu um carcinoma espino-celular nas orelhas como resultado de 8 anos de exposição solar. Apesar de todos os cremes de protecção solar que os “donos” lhe aplicaram nas orelhas, as consequências de excesso de sol acabaram por se manifestar.
Tudo começou com uma pequena ferida, aparentemente inofensiva na ponta das orelhas, que não despertou alarme imediato, pois logo se pensou tratar-se de um arranhão provocado por outro gato. Contudo, a dita ferida (com apenas alguns milímetros) não sarava totalmente, pois repetia-se um ciclo permanente de queda e reaparecimento de uma pequena crosta. Desconfiando do que se tratava, a “dona” levou o Romeu à veterinária que, após cuidada observação, aconselhou vivamente a operação para remover a lesão das orelhas. O Romeu foi operado e o resultado da biópsia às orelhas confirmou o diagnóstico: carcinoma espino-celular. Depois de um pós-operatório doloroso para felino e humanos, o Romeu recuperou e é um gatinho feliz mesmo sem as suas orelhinhas. Nunca mais lhe foi permitido expor-se ao sol, embora ele tente sempre que pode.
Porém, os efeitos do sol fazem-se sentir a longo prazo e há cerca de dois meses surgiram mais duas feridas, mais uma vez de aspecto inofensivo: uma no nariz (zona muito problemática, mesmo tratando-se de uma lesão inicial) e outra numa pálpebra. Neste momento o Romeu está em observação, mas a verdade é que as feridas não saram totalmente...
Por mais que nos encantemos ao ver os nossos gatos (e cães também) felizes ao sol, as consequências desse prazer felino podem ser nefastas e cabe-nos a nós, “donos” responsáveis zelar de forma consciente pela sua saúde e bem estar. A forma mais eficaz de prevenção é evitar que os animais com maior propensão para desenvolver problemas de pele se exponham ao sol e levar os gatos mais idosos a um controle médico de 6 em 6 meses. Que este alerta possa contribuir para que menos pessoas venham a dizer um dia “Se eu soubesse...”.
Excelente artigo e muito oportuno. Os meus gatos não saiem à rua, mas mesmo assim eu tenho super cuidado com eles, pois são os dois muito brancos. O Gaspar então nem se fala, aquelas orelhas, nariz e patas são super perigosos, por isso, por muito que me custe, passo a vida a tirá-lo de junto das janelas e para longe do solzinho de que ele tanto gosta.
A gata mais velha da minha irmã teve nas orelhas. Era um agata de jardim que os adoptou qd foram para lá viver. Era preta e branca e teve nas orelhas. Foi operada mas a esperança que lhe deram era no máximo 5 anos.(morreu no entanto de tumores mamarios que se espalharam para pulmões malgrado a operação. Ela já foi esterelizada adulta) As todas brancas é pior.
Já apanhei uma na rua já sem nariz mas foi logo adormecida. ERa tigrada e branca. Fiquei feliz por ela naõ ter morrido assim na rua. Por muito que se avise para ter cuidado com o sol ainda há muita gente que naõ acredita. Ainda bem que fizeram este artigo.
Eu as brancas não dou para quem tenha quintais e aviso muito ou as do nariz branco. E mesmo isndo para janela deviam pôr creme solar forte de bebe.
As imagens impressionam bastante, mas de facto o artigo está excelente, não tinha noção que também para os nossos animais de estimação o sol pode ter riscos, tal como aconte com o homem.
Confesso que para ler o artigo tive que tapar, por momentos, as imagens. São de facto a melhor forma de tomar-mos uma verdadeira consciência do perigo.
O Nestum é uma amarelo tigrado e tem o nariz cor-de-rosa, já a Donzela é tigrada cinzenta tem o nariz negro. Não têm muita exposição ao Sol. é um apartamento virado a norte, estão sempre em casa.
Não sabia deste problema, muito menos que se podia colocar protector nos gatos.
Apesar de terem passado por uma experiência terrível com o Romeu, obrigado por partilhar a informação com os demais.
Espero que o Romeu ainda apareça cá no felinus por mmmmuuuuiiiittttoooo tempo.
E podem lhe dizer, de nossa parte, que continua muito charmoso. ;-)
Nossa belissimo artigo!!Pode ser muito duro mas é necessário para sabermos melhor o q pode acontecer... N pensava q acontecia o mesmo q acontece com nós humanos com eles... pior q tem muita gente q ignora com si próprios imagina com os bichanos!! Obrigada pelo artigo!!!
Penso que a Elisabete já respondeu a algumas dúvidas que aqui foram colocadas. O que posso dizer por experiência própria é que o Romeu foi sempre muito protegido, sobretudo no Verão, com protector solar nas orelhas e no nariz (onde quase não vale a pena pôr porque os minhaus lambem logo). Colocavamos um stic labial que é ecrãn total recomendado pela vet. Como tinha acesso ao quintal o Romeu expôs-se ao sol ao londo destes anos, mas foi apenas no ano passado (quando ele já tinha 8 anos) que lhe apareceu a lesão na ponta das orelhas. É como diz a Elisabete... a acção prejudicial do sol vai acumulando os seus malefícios e pode manifestar-se desta forma. As zonas de pelagem branca dos animais (e não apenas dos gatos), sobretudo nas zonas do focinho, são equivalentes à pele de uma pessoa albina, pois não têm qualquer pigmentação que as proteja do sol. A veterinária aconselhou vivamente a que não deixássemos o Romeu apanhar mais sol, nem sequer através das janelas... e era essa a única maneira de ter prevenido que isto acontecesse. Mas até acontecer o que aconteceu ao Romeu eu não fazia ideia da gravidade deste problema... que é mesmo muito complicado quando surge no nariz
As imagens do artigo, pela sua dureza, são as necessárias para que este problema fique a bater na cabeça das mamãs e papás de minhaus que podem correr risco... e eram as imagens que eu devia ter visto há uns anos atrás. Custa e por vezes é muito difícil contrariar os nossos gatinhos e impedi-los de apanhar sol... mas se têm uma coloração que os coloca em risco, vale infinitamente mais essa contrariedade.
Espero que este artigo seja realmente útil para evitar que outros minhaus passem pelo que o Romeu passou (e ainda esteja a passar, embora para ele esteja tudo bem) e nós "donos" também. Obrigada por todos os desejos de melhoras para o Romeu, ele agradece e eu também .
Para a Cheetah e a Hecep: com os gatos brancos acontece o mesmo que connosco: é a acumulação da exposição ao sol, à medida que "envelhecemos", que acaba por resultar em cancro. O branco num gato não é uma cor, é uma falta de pigmento protector, pelo que o bichano corre sempre perigo ... O protector solar (que deveria ser pelo menos de 30, bem espesso) acaba sempre por sair porque incomoda o animal e este retira-o com as patas.
O vidro das janelas não chega porque ainda deixa passar muitos raios - a solução, se gostam dos vossos meninos brancos, é mesmo correr os estores. Boa sorte !!!
O artigo está realmente fantástico e abre-nos a cabeça para algumas coisas, que pelo menos a mim, nunca me tinham ocorrido. É de facto importante a sua divulgação. Parabéns e tudo de bom para o pequeno Romeu.
Muito importante a divulgação destes problemas!
Quando adoptei a Anaïs fui logo alertada pela Noggy que tinha de lhe pôr protector...a verdade é que ponho poucas vezes, ela n gosta nada, mas deixo-a apanhar pouco sol (sempre indirecto)...deveria impedi-la mesmo de apanhar sol?
Bem, as fotos fazem uma pessoa ficar alerta, lá isso fazem... É uma pena, e extremamente doloroso, saber que os nossos amigos peludos podem ficar doentes por causa de uma coisa de que gostam tanto... espero que todos possamos aprender com isto e evitar que situações, como as que estão retratadas neste artigo, se repitam... Já agora, faço um apelo: há um gatinho branco para adopção, aqui anunciado, há algum tempo, todo branquinho - ele tem uma ponta preta numa orelha, eu pergunto lá se não será cancro, ninguém poderia ficar com ele nem que temporariamente, para saber, ao menos, se ele está doente?...
Um artigo excelente! Tal como disse a Carla Fortuna, as fotos impressionam mas são essenciais para o im pacto do artigo. Os meus parabéns e desejos de melhoras para o Romeu.
Pois já sabia mas considero o controle das causas (exposição solar) muito, muito difícil. Eu com a Mercy e com a Lindi passava a vida a pôr protector solar mas nenhuma delas viveu o suficiente para vir a desenvolver esta doença. Agora na Txugui não ponho protector solar, mas que me sinto culpada, sinto. Vá lá que a gata não gosta muito de Sol.
Estou horrorizada com estas fotos! Não quero dizer com isto que não devam ser colocadas, pelo contrário, o artigo sem as fotos não iria ter o impacto desejado. Tenho é muita pena destes peludinhos pois devem ter sofrido muito mesmo! Quanto ao artigo, deu-me a conhecer uma coisa nova. Já sabia que não era conveniente apanharem muito sol mas nunca pensei que as consequências fossem tão graves!
As imagens impressionam mas acho o artigo muito útil, nem que seja para alertar sobre os primeiros sinais de perigo. Em termos de prevenção, devo dizer, no entanto, que se torna um pouco difícil fazer com que os gatos não se exponham ao sol, quando se tem uma casa virada a sul como a minha. A única solução seria ter os estores corridos todo o dia, o que é demasiado deprimente. Espero que os vidros protejam um bocado (não é sol directo). Também uso protector nos narizes, sempre que me lembro, mas, pelos vistos, isso não é muito eficaz...
Um EXCELENTE artigo informativo, e muito atempado, tendo em conta a proximidade da época de Verão. Os meus parabéns pela pesquisa e pela introdução do artigo, que usou, e muito bem, as várias funcionalidades de construção. Esperemos que a triste experiência do Romeu e dos donos sirva para alertar e evitar iguais infortúnios noutros animais. Este seria um bom tema para fazer um folheto informativo, para que possamos alertar mais donos de animais que não consultam o Felinus...