Nunca fui muito "amante" de gatos, sempre preferi os cães, eram mais dóceis, mais amiguinhos, mais brincalhões. Os gatos, esses, observava-os de longe, desconfiada. Eles também não me ligavam por aí além. Nunca tinha tido um gato. O meu marido não gosta de gatos. Na minha casa, havia de tudo, pássaros, peixes, répteis, cães... gatos é que não!!!
Até um dia... 15 de Junho de 2002, no meio da azáfama de entra e sai de convidados para o Baptizado da minha filha mais nova, aparece-me uma amostrinha de gato, a olhar para mim e a ronronar a 100 à hora. Não devia ter mais de 1 mesito, magrito, era só orelhas e olhos, lindos!
Fiquei embasbacada a olhar para ele, a pensar "Mas que raio faço eu ao bicho, ainda lhe passam por cima." Na confusão, lá lhe arranjei uma tacinha de leite (sim de vaca, lá sabia eu que eles não podem beber desse leite!!!) e meti-a a um cantinho afastado do jardim, para ele se entreter e largar a porta de casa e os pés dos humanos. Mas mal acabou o leite e lá estava ele outra vez, enrolado nas minhas pernas e a ronronar. Fechei-o na casa de banho, com uma mantinha e mais uma tacinha de leite morno.
No final da festa, foi devolvido à rua.
No dia seguinte, abri a porta, e lá estava ele: ronronronronronron... E nos dias que se seguiram durante perto de uma semana. Até que desapareceu uns 2 ou 3 dias. Fui dar com ele, metido debaixo de um carro, a miar desesperado, todo sujo de lama, a tremer com medo e com uma patinha trespassada de lado a lado e tão inchada que valia por duas. Lá fui eu para a veterinária, a conduzir de gato ao colo, enrolado numa mantinha. Trouxe-o para casa, de penso feito, com um carregamento de antibióticos e analgésicos, amostras de comidinha e muita apreensão.
Autor: Assunção
Bombom
Ficou uns 15 dias a morar na minha casa de banho, uma caixinha de sapatos a fazer de cama, a tampinha da dita caixa, forrada a papel de alumíno e com areia a fazer de wc. Não se conseguia mexer sozinho. Era eu que tinha de estar constantemente a ver se ele tinha fome ou sede ou se queria fazer um xixi. Ele miava e eu corria a pegar nele para o meter no sítio correspondente. O meu marido lá suportou a presença do bicho porque, coitadito, estava inválido.
No dia em que chegou a casa e o Bombom (que entretanto até já tinha nome e tinha sido plenamente adoptado pelas duas catraias) andava, alegremente, a saltar por cima da mobília, deu-lhe logo o veredicto de que estava na altura de ir à vidinha dele. Com pena, fiz-lhe uma casinha no jardim, meti-lhe lá fora as tijelinhas da comida e o wc a um cantinho. Todos os dias, mal abria a porta de casa, era agraciada com um ronronar cheio de meiguice e, mal o meu marido saía, entrava o Bombom.
Andava sempre atrás de mim, na rua andava ao meu ombro tal e qual um papagaio de um pirata. Ía comigo buscar as crianças à escola. Quando eu ía sair de carro ficava sentado frente ao portão à minha espera. Quando eu estava meio doente ficava ali horas a dar-me "beijinhos".
Nunca tive, nem conheci animal mais meigo, mais atencioso, mais dengoso do que o Bombom.
A vidinha lá foi correndo, mês após mês, o Bombom a viver no jardim, a entrar em casa à socapa e sempre, sempre a ronronar.
Uns dias antes do Natal, uma amiga veio a minha casa e ficou até tarde. Como já não tinha maneira de ir para casa, ofereci-me para lhe dar boleia.
Quando saímos, lá ficou o Bombom sentado no lancil, frente ao portão, como sempre fazia... Demorei cerca de meia hora.
Ao chegar a casa, olhei para o passeio e vi-o caído. Senti o coração tão apertado!!! Estacionei à doida, saí do carro a correr, fui direita a ele, saía-lhe da boca um fio de sangue, havia sangue no meio da estrada.
Fiquei histérica, não conseguia parar de chorar, agarrei nele e toquei à campaínha. O meu marido mal me viu voltou a fechar a porta para as garotas não verem a cena, convenceu-as a ficarem dentro de casa e veio tentar tirar-mo dos braços.
Teve que desistir. Enquanto o senti quente, apesar de saber que já estava morto, não o larguei, andava com ele no meu colo, de um lado para o outro, a chorar e a rogar mil pragas a quem o atropelou... Não o conseguia largar. Acho que estive horas ali, a fazer-lhe carícias, a pedir-lhe por favor para acordar. Por fim, o meu marido lá me convenceu a largá-lo, acedi mais por exaustão do que por vontade. Pedi-lhe para o enterrar no canteiro das rosas. O meu Bombom... Muito chorei eu nos dias que se seguiram.
Antevéspera de Natal, estava em casa de uns amigos, chega o meu marido todo apressado, atrapalhado, corado, tira o capacete (o moço é motard), saca da mochila e com um brilho nos olhos diz: "Abre é para ti", a mochila mia!!! Abro e sai-me uma gatinha linda, pequenina e completamente em pânico devido a uma longa viagem de mota. Agarrei-me a ela a chorar, agarrei-me a ele a rir... O homem que não suporta gatos ofereceu-me um!!!!!!!!
Hoje cá tenho a minha Duquesa, mais 3 filhotes dela, que me dão cabo do juízo, mas o meu Bombom não me sai do coração.
É verdade... as rosas estão mais lindas do que nunca, enormes, perfumadas e com cores completamente deslumbrantes, acho que é o Bombom a dizer-me Olá, lá do céu dos gatinhos!
Li agora a história do Bombom mas mal consigo escrever, as lágrima não me deixam ver bem as teclas. Linda, pena o final triste, sorte a da Duquesa.
Obrigada São
:-( Ai São...eu ainda ando com uma lagrima no canto do olho,por causa do meu bebé Dominik e tb perdi 2 amigos de uma vida este ano...já os tinha há mais de 12 anos,e já vieram para cá adultos...como diz uma amiga nossa, a Elisabete, eu tb ainda não consegui escrever a história deles...escrevi o principio de vida do Dominik...mas o fim...não consigo...ainda o sinto tão aqui...
Mas a tua história e a do pequeno Bombom, é linda...tem um fim de vida para ele muito triste...mas nada é por acaso São...e esse menininho cruzou-se no teu caminho para mudar algo...e conseguiu!
Um beijinho muito especial para ti e para os teus.Uma festinha muito terna para a Duquesa e seus filhotes
Assunção, obrigada por me chamares a atenção para esta história, que ainda não tinha lido. Eu ainda não consigo escrever as histórias dos meus maiores amores felinos (no fundo, deve ser uma maneira de recusar que eles já cá não estão ...) Beijinhos para a Duquesa, já que não posso dá-los ao Bombom.
ó homónima que história linda. Fartei-me de chorar com o triste fim do Bombom. Eu tb sei o que é isso. Tb me mataram o primeiro gato que tive depois de casada. E , engraçado, tb foi o meu ex marido (nessa altura marido pleno) que mo ofereceu. E tb dizia que detestava gatos. Mas fartou-se de chorar quando ele morreu. Nenhum de nós esqueceu o nosso Gatien.
Que linda história... Tenho pena que tenha tido um final um pouco triste, mas pelo menos o Bombom foi sempre bem tratado e mimado... Está a perfumar a roseira para dizer que está ali a observar a família toda!
Q linda história!!! Acho q esses bichinhos mudam a vida da gente!! E quem diz q n gosta deles, é pq nunca teve um!!! Era muito lindo o teu bombom!! Ele deve estar olhando por vcs tdos!!!!!
Essa tua cena agarrada ao bombom lembra-me o que nos aconteceu quando morreu a Maia, também fiquei destroçada quando ela morreu, não queria acreditar.
Ainda bem que agora tens a Duquesa para preencher esse vazio. Tenham cuidado com a estrada, se fôr preciso façam uma vedação alta para evitar que eles vão para lá!
Esse gato estava destinado a cruzar-se no teu caminho... e a lá permanecer. Apesar do que aconteceu ao Bombom, algo de bom saiu desta história, e acredito que hoje o teu marido já não é indiferente aos gatos, pois eles conseguem conquistar os mais teimosos. Estou errada?