Artigo retirado de: http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=233 Autor: Assunção (Assunção Baptista) [ Europe/Lisbon ] 2004/05/25 10:32 |
Bombom |
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Nunca fui muito "amante" de gatos, sempre preferi os cães, eram mais dóceis, mais amiguinhos, mais brincalhões. Os gatos, esses, observava-os de longe, desconfiada. Eles também não me ligavam por aí além. Nunca tinha tido um gato. O meu marido não gosta de gatos. Na minha casa, havia de tudo, pássaros, peixes, répteis, cães... gatos é que não!!!
No dia em que chegou a casa e o Bombom (que entretanto até já tinha nome e tinha sido plenamente adoptado pelas duas catraias) andava, alegremente, a saltar por cima da mobília, deu-lhe logo o veredicto de que estava na altura de ir à vidinha dele. Com pena, fiz-lhe uma casinha no jardim, meti-lhe lá fora as tijelinhas da comida e o wc a um cantinho. Todos os dias, mal abria a porta de casa, era agraciada com um ronronar cheio de meiguice e, mal o meu marido saía, entrava o Bombom. Andava sempre atrás de mim, na rua andava ao meu ombro tal e qual um papagaio de um pirata. Ía comigo buscar as crianças à escola. Quando eu ía sair de carro ficava sentado frente ao portão à minha espera. Quando eu estava meio doente ficava ali horas a dar-me "beijinhos". Nunca tive, nem conheci animal mais meigo, mais atencioso, mais dengoso do que o Bombom. A vidinha lá foi correndo, mês após mês, o Bombom a viver no jardim, a entrar em casa à socapa e sempre, sempre a ronronar. Uns dias antes do Natal, uma amiga veio a minha casa e ficou até tarde. Como já não tinha maneira de ir para casa, ofereci-me para lhe dar boleia. Quando saímos, lá ficou o Bombom sentado no lancil, frente ao portão, como sempre fazia... Demorei cerca de meia hora. Ao chegar a casa, olhei para o passeio e vi-o caído. Senti o coração tão apertado!!! Estacionei à doida, saí do carro a correr, fui direita a ele, saía-lhe da boca um fio de sangue, havia sangue no meio da estrada. Fiquei histérica, não conseguia parar de chorar, agarrei nele e toquei à campaínha. O meu marido mal me viu voltou a fechar a porta para as garotas não verem a cena, convenceu-as a ficarem dentro de casa e veio tentar tirar-mo dos braços. Teve que desistir. Enquanto o senti quente, apesar de saber que já estava morto, não o larguei, andava com ele no meu colo, de um lado para o outro, a chorar e a rogar mil pragas a quem o atropelou... Não o conseguia largar. Acho que estive horas ali, a fazer-lhe carícias, a pedir-lhe por favor para acordar. Por fim, o meu marido lá me convenceu a largá-lo, acedi mais por exaustão do que por vontade. Pedi-lhe para o enterrar no canteiro das rosas. O meu Bombom... Muito chorei eu nos dias que se seguiram. Antevéspera de Natal, estava em casa de uns amigos, chega o meu marido todo apressado, atrapalhado, corado, tira o capacete (o moço é motard), saca da mochila e com um brilho nos olhos diz: "Abre é para ti", a mochila mia!!! Abro e sai-me uma gatinha linda, pequenina e completamente em pânico devido a uma longa viagem de mota. Agarrei-me a ela a chorar, agarrei-me a ele a rir... O homem que não suporta gatos ofereceu-me um!!!!!!!! Hoje cá tenho a minha Duquesa, mais 3 filhotes dela, que me dão cabo do juízo, mas o meu Bombom não me sai do coração. É verdade... as rosas estão mais lindas do que nunca, enormes, perfumadas e com cores completamente deslumbrantes, acho que é o Bombom a dizer-me Olá, lá do céu dos gatinhos! |