[ Europe/Lisbon ] 2004/02/14 10:23 "A Rita"
A Rita apareceu-me à frente pouco depois de mudar de casa em final de Agosto de 2000. Vim morar para os lados de Sintra e, um dia que ia ao café vi um gatito (...na altura desconhecia o sexo) debaixo de uma carrinha. Quando saí do café o gatito já lá não estava. Durante algum tempo cruzei-me com ela desta forma, até que ela se instalou perto de uma loja de cosmética e pintura, cujo proprietário costuma proteger os animais desvalidos da zona. A partir daí comecei a encontrar diariamente a gatinha.
Nesse ano leccionava em Lisboa e tinha dias em que entrava às 8:20 :roll: e por isso, saía de casa em plena noite. No final de Setembro quando começaram as primeiras bátegas e o frio se começou a fazer sentir, a gatita surgiu-me à frente com um ar totalmente desamparado. Atravessou mesmo em frente a um carro, mas para além disso, o que mais me impressionou foi a forma de miar - parecia um lamento. :-( Fiquei a pensar na gata o dia inteiro. À hora de almoço telefonei para a U.Z para saber da viabilidade de a entregar - disseram-me que estavam sobrelotados, mas deram-me o telemóvel da responsável do gatil.
Liguei-lhe e após uma ligação surrealista que ora caía a chamada do meu lado ou do lado dela, lá combinámos que eu recolhia temporariamente a gata e a ia levar no sábado seguinte (....era uma 5ª feira).
Nessa noite enquanto fui preparar a arrecadação para receber a minha hóspede, o Zé foi tentar buscar a gatita. Mas como não conhecia bem a sua reacção, optámos por a trazer na transportadora.
Nessa noite dormiu aconchegada, envolta em sacos de água quente e de barriguinha bem reconfortada. ;-) A Rita revelou-se uma devoradora de comida, mas que de início só queria latas. Chegava a comer 2 latas de 400 g da Friskies por dia. Como percebem, a Rita não foi para a UZ. nem nesse sábado, nem em nenhum outro. De início porque o Zé realmente não pode levá-la por questões de trabalho, posteriormente eu ia arranjando desculpas e alargando o prazo, pois estava cada vez mais afeiçoada à gata. Passou cerca de 1 mês na arrecadação, até que ganhou o nome e desceu cá para casa.
A Rita que de início era um animal medroso e muito assustado, tornou-se numa das anfitriãs mais simpáticas da casa e venceu ao fim de algum tempo o seu medo de ir à escada. O nome mereceu-o, pelo seu espírito de luta e vontade de vencer, que muito me fez lembrar uma antiga aluna minha surda (mas não muda), que foi das pessoas que mais me impressionou pela sua determinação.
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