Peles de cão e gato de importação têm sido introduzidas no mercado comunitário não declaradas como tais, falsamente identificadas como peles sintéticas ou como sendo provenientes de outros animais, como o lobo e o coelho. Às quais foram dados vários usos, em vestuário, acessórios, tapetes, brinquedos, entre outros produtos. Ontem, a Associação Francesa e Internacional para a Protecção Animal divulgou em Bruxelas documentos compilados no âmbito de uma queixa judicial nos quais se identificam várias empresas europeias acusadas de traficarem peles de cão e gato. Nesta lista está a empresa portuguesa Maria José Peles Lda., de Lisboa.
Contactado pelo JN, Manuel Ventura, que se identificou como proprietário da firma, negou alguma vez ter comercializado peles dos referidos animais. Além disso, garantiu nunca ter sido alvo de qualquer intervenção judicial nem de contactos com entidades comunitárias. "Só comercializo peles naturais de raposa, vison e astrancã, que importo da Alemanha", afirmou o comerciante, que há 15 anos está ligado à empresa sob suspeita.
Segundo a Comissão, a grande maioria destas peles são importadas de países terceiros, em particular da China, onde existem empresas de criação de cães e gatos especificamente para esse fim. Segundo as organizações não governamentais do sector, dois milhões de gatos e cães são mortos todos os anos para a indústria das peles. Doze a quinze cães adultos ou até 24 gatos são necessários para fazer um casaco.
A proibição ao nível europeu permitirá harmonizar as práticas de repressão e implica a adopção de métodos de detecção para distinguir as peles de gato e cão das de outros animais, mesmo nos casos em que foram sujeitas a tratamentos químicos.
Alexandra Lobão, correspondente em Bruxelas
JN, 21/11/2006 |