Artigo retirado de: http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=765 Autor: SilverNymph (Nídia dos Reis) [ Europe/Lisbon ] 2005/07/23 02:03 |
"Eu temo pela minha espécie quando penso que Deus é justo" |
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Muitas vezes questiono o que leva a Ciência a afirmar que a espécie humana é superior à animal. E com base em que provas é que toda a gente aceita esta versão? Eu ainda não descobri um único indício irrefutável, no entanto, ninguém contesta esta pseudo verdade cientifica. Nem quanto à nossa superior inteligência eu estou certa. Lá porque inventámos coisas como automóveis e electricidade e os animais nem sequer sabem usar um telemóvel não significa que eles não pensem de todo. As necessidades são diferentes, as espécies são diferentes mas isso não nos põe automaticamente no topo de todas as criaturas que connosco coabitam, nem nos dá legitimidade de as maltratar. Infelizmente ninguém vê isso, o que para mim é prova suficiente de que não somos, de forma alguma, superiores. Criam-se autênticos coliseus romanos onde a tortura é apreciada como um espectáculo, as pessoas nas bancadas levantam-se em euforia ao ver um animal ser mutilado numa arena. Estou a falar das touradas, de morte ou não. Há quem apelide de belo este circo de horror, há quem considere uma arte espetar lanças com arpões nas costas de um touro rasgando-lhe os tecidos, enquanto este vai enfraquecendo e sangrando aos olhos de uma multidão que aplaude. Onde está a nossa inteligência aqui? Inventam-se iguarias, supostamente requintadas, conseguidas através da alimentação forçada. Durante 16 dias um funil de mais de 40 cm é empurrado pela garganta de gansos em doses equivalentes a 12,6 kg de esparguete para um ser humano, a partir do 12º dia o processo é repetido de 3 em 3 horas, o corpo fica completamente deformado, o animal não consegue respirar nem mexer-se. Um sofrimento prolongado e atroz unicamente para produzir um patê, o foie gras. Onde está a nossa lógica e sensibilidade aqui? Milhões de ratinhos, coelhos, porquinhos-da-índia, furões, gatos, cães, primatas, ovelhas, vacas, porcos e muitos outros animais continuam a ser usados em experiências em nome da ciência, ou simplesmente da estética. Em vez de se desenvolverem técnicas científicas mais avançadas, os governos permitem que os pesquisadores infectem animais com doenças que eles nunca contrairiam em circunstâncias normais, que lhes injectem químicos tóxicos, lhes quebrem as colunas, lhes partam os ossos e que instalem eléctrodos nos seus crânios. Os investigadores militares provocam doenças e feridas nos animais com radiações, agentes químicos e armas de fogo. Alguns investigadores de psicologia submetem os animais a privação maternal, viciam-nos em drogas e álcool. 65% destes procedimentos inqualificáveis são realizados sem anestesia alguma. Em cada 3 segundos morre um animal num laboratório europeu, a cada 2 segundos num laboratório japonês, a cada 1 segundo num laboratório norte-americano. Só no Reino Unido, quase 3 milhões de animais são mortos anualmente. É esta ciência que nos dá o titulo de seres superiores? Em prol de modas fúteis, baseadas na ostentação de riqueza, animais são brutalmente mortos por métodos que deixam a imaginação distorcida (no que diz respeito à tortura) da idade média a um canto. Totalmente a sangue frio os mais belos animais do mundo são electrocutados por via anal ou vaginal, por asfixia, afogamento ou pancadas, simplesmente para não danificar a sua pele que vai ser usada em casacos para levar a uma festa qualquer. A crueldade sem limites é o que nos torna com mais valor? Muita gente considera a caça um desporto, um divertimento. Perseguir seres vivos que sentem medo e angústia como nós, que sofrem, que sangram, que gritam... e matá-los, por puro prazer, é divertido? Note-se, não é por necessidade, é porque os pratos não fazem voos picados. É este um argumento brilhante? Ainda que os animais não pensassem a questão não é essa, a questão é: Eles sentem. Só isso deveria ser argumento suficiente para não se cometerem chacinas em massa. A humanidade refugia-se na teoria de que somos superiores para poder utilizar seres para seu proveito próprio. O mesmo argumento foi usado para escravizar pessoas durante séculos, dizia-se que não pensavam ou não tinham alma, para limpar as culpas de uma barbárie inqualificável, o objectivo era o lucro como o é agora em relação aos animais. Admitir que eles pensam seria o abandono da utilização destes para fins de pesquisa ou de divertimento, teriam de deixar de servir interesses capitalistas e o lucro seria muito menor, além disso seria aceitar que não somos superiores e esse foi o eterno combate ao longo da História. A nossa sociedade desde sempre foi arrogante e ridícula. Sempre se opôs, mesmo perante provas, a tudo o que punha em causa o orgulho da humanidade. Auto intitulou-se como o centro do universo, afirmava que tudo girava à volta da Terra. Copérnico deu o primeiro pontapé neste orgulho cego afirmando que não éramos o centro da nada, apenas mais um planeta do sistema solar. Depois veio Darwin com a sua teoria da evolução das espécies afirmar que não éramos feitos à imagem divina, mas apenas animais como todos os outros. Estes dois homens desafiaram as crenças enraizadas, provocaram discórdia e polémica, hoje em dia ninguém os contesta. Um dia, também ninguém contestará que fazer mal a um animal é tão grave como fazê-lo a uma pessoa, que não somos os únicos seres pensantes e que não estamos no topo de nada. O orgulho e ganância humanas têm de ser controlados para se parar de fazer atrocidades perante a passividade de todos. Questiono a nossa superior inteligência porque esta é muito questionável. Eu atrevo-me a dizer que somos um género de doença do equilíbrio natural, estamos a levar a cabo a aniquilação do ecossistema, da vida existente e de nós mesmos. Existirá ser mais doentio e destrutivo que a nossa espécie? Todos os seres contribuem para manter a estabilidade da criação, todos são necessários para a evolução e equilíbrio... todos, menos nós. Somos um género de cancro que destrói tudo por onde passa, que destrói o planeta, que se destrói a si mesmo. Nós, vistos num todo, somos os mais dispensáveis. Que dizer de uma espécie que se auto aniquila? Só me ocorre uma coisa, que é a mais estúpida de todas as espécies. |