Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=719
Autor:
Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2005/05/31 18:26

Cobaias virtuais salvam ratos de laboratório

Programas de computador estão a começar a substituir as cobaias na investigação médica.

Segundo números da In Defense of Animals, cerca de 18 milhões de animais morrem todos os anos em nome do avanço da Medicina.
Mas há boas notícias para as cobaias! Segundo a «Wired», os ratos de laboratório e outros animais, habitualmente usados em testes médicos, estão, cada vez mais, a ser substituídos por modelos virtuais desenvolvidos em computador, que conseguem simular o comportamento de alguns orgãos, de sistemas biológicos e de todo o organismo.

O anúncio de que a American Diabetes Association, em parceria com a Entelos, desenvolveu um rato virtual que será usado no estudo da diabetes, é disso um bom exemplo.

Segundo afirmou Barry Sudbeck, um responsável da Entelos, à «Wired», este rato virtual e diabético irá permitir que os investigadores testem os efeitos de novas drogas nos seus tecidos, células e orgãos.

Esta cobaia informática vai substituir os seus congéneres 'de carne e osso' em várias fases do estudo, e poupar a vida a centenas de ratos.

Este modelo tem ainda a vantagem de traduzir os resultados dos testes e de prever a reacção que os novos medicamentos teriam se administrados nos pacientes (humanos).

A Entelos, empresa com sede na Califórnia, especializada no desenvolvimento deste tipo de simuladores, optou por criar um rato virtual por existirem mais dados acerca do comportamento e reacções desta espécie do que de qualquer outra utilizada neste tipo de testes.
O modelo virtual foi desenvolvido com base em dados recolhidos em testes reais em ratos de laboratório, durante vários anos.

Ainda assim, Sudbeck garante que é possível construir uma réplica de qualquer animal, desde que exista informação suficiente sobre ele.

O facto de empresas farmacêuticas como a Johnson & Johnson ou a Pfizer já estarem a realizar estas experiências virtuais, confrontando depois esses resultados com os dos testes tradicionais, prova que a informática e a Biologia andam cada vez mais de mãos dadas.

Ainda assim, não é provável que, num futuro próximo, estes programas de realidade virtual consigam substituir completamente os animais.
De resto, a Food and Drug Administration, entidade a quem cabe regulamentar os medicamentos nos EUA, continua a exigir como condição para a aprovação de um fármaco, a realização de testes em animais, perpetuando uma regra que data de 1930.

A Entelos especializou-se no desenvolvimento de vários modelos humanos, que foram concebidos para simular experiências clínicas relacionadas com o sistema cardíaco, metabólico e respiratório.

Para além disso, esta empresa está envolvida num projecto gigantesco que tem como meta desenvolver o primeiro homem virtual. Este projecto ainda não chegou a 'bom porto' porque não existem ainda dados suficientes para prever os comportamentos do corpo humano.

Na prática, modelar este homem virtual significa trabalhar com muitos milhões de megabytes (muitos mais do que os que saíram do Projecto Genoma Humano) e implica um enorme investimento financeiro.

A ideia de recriar virtualmente o organismo humano nasceu em 1996, quando Clay Easterly, um físico americano, foi surpreendido por um pedido das forças militares. Os fuzileiros navais americanos queriam encontrar uma forma de testar armas não-letais sem precisar de dispará-las contra alvos humanos e procuravam resposta na informática.

Na época, responder a este pedido parecia uma tarefa demasiado complexa mas, desde então, esta área não tem parado de nos surpreender.



Fonte:
http://ciberia.aeiou.pt/