Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=716
Autor:
Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2005/05/27 11:09

Cães de orelhas caídas estão mais sujeitos a inflamações nos ouvidos

Otites caninas Caniche, Cocker, Shar Pai e Labrador são as raças mais atingidas pela doença

Os cães de raça Caniche, Cocker Spaniel, Epagneul Breton, Shar Pai e Labrador Retriever, todos de orelhas caídas, têm em comum a tendência para as otites externas. "Tanto as características anatómicas e fisiológicas como as condições ambientais que aumentam a humidade e diminuem a ventilação no canal auditivo contribuem para o desenvolvimento deste problema", explicou ao JN o médico veterinário, Luís Aleixo.

No caso dos Shar Pei, são os canais auditivos estreitos e de inúmera pregas os responsáveis por esta propensão; nos Labrador Retriever ou nos Springer Spaniels é a secreção glandular mais abundante. No entanto, são os Cocker Spaniels, muito queridos dos amantes de animais domésticos, os que apresentam incidência superior de otite. Nestes últimos, o gosto pelos banhos, além do excesso de pêlos no canal auditivo, são factores de risco a considerar.

Saber identificar causas e prevenir

A otite tem três fases distintas. Primeiramente pode notar-se que o cão abana a cabeça e esfrega as patas nas orelhas. Um corrimento, com ou sem odor, pode estar também presente. Depois passa ao ouvido médio, incluindo o tímpano. Por fim, a otite atinge o ouvido interno e interfere com o sistema de equilíbrio do animal. Na maioria dos casos, a otite é detectada numa fase inicial, altura em que a probabilidade de recuperação é boa.

Segundo Luís Aleixo, a falta de asseio determina muitas vezes o desenvolvimento de problemas. "Há soluções de limpeza disponíveis nas clínicas veterinárias e nas lojas de animais que ajudam a fazer prevenção".

Com frequência, aparecem nas consultas "cães com traumatismos no ouvido provocados por cotonetes ou pedaços de algodão", conta o médico que considera importante distinguir a limpeza da orelha que pode fazer-se com um toalhete embebido num óleo suave, da limpeza do ouvido. Luís Aleixo desaconselha igualmente a "auto-medicação". "Deve identificar-se a causa primária e instituir um tratamento específico ou programa de manutenção eficaz", defende.

As inflamações dos ouvidos têm diversas causas. Podem dever-se a ácaros, infecções por bactérias ou fungos, corpos estranhos, massa no ouvido ou alergias. Nesta altura do ano há muitos casos, nos cães que vão à rua, "de parganas, ervas em forma de seta, espetadas nos ouvidos".

Entre os sintomas comuns das otites provocadas por ácaros está o abanar da cabeça, o coçar das orelhas com as patas ou a hipersecreção de cerúmen cor de chocolate. Em corridas ou acções em que se verifica um acréscimo do calor, os ácaros aumentam a actividade e os animais podem ter crises epileptiformes. É frequente estes sintomas surgirem bruscamente nos cães de caça durante as corridas nas coutadas.

Se o problema não é tratado obriga a operação

Quase 90% dos cães com otites que se prolongam por seis meses ou mais desenvolvem otites médias. Quando se atinge este ponto, o tratamento médico não tem efeito e pode ser necessário intervir cirurgicamente para aliviar a dor ou controlar a infecção. Caso se encontrem ácaros, situação mais comuns nos cachorros, é importante que o dono do animal os observe no microscópio. Esta evidência aumenta a sensibilidade das pessoas no cuidado com os animais em crescimento. Nas otites provocadas por ácaros tem de haver persistência. Os ácaros que entretanto se deslocaram para o interior do ouvido por lá continuam a crescer e a reproduzir-se quando se interrompe a medicação.

Nas fases mais graves, os cães resistem-se a abrir a boca ou mastigar, a cabeça apresenta-se muito inclinada, têm problemas de equilíbrio, lábios ou pálpebras pendentes.


Autora: Ângela Santos


Fonte:
http://jn.sapo.pt/2005/05/24/etcetera/caes_orelhas_caidas_estao_mais_sujei.html