Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=702
Autor:
Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2005/05/10 09:33

Esterilizar colónias mantém equilíbrio entre os felinos

CATUS PORTUGAL

Associação controla natalidade de gatos vadios, com ganhos para todos



Aparentemente, é um trabalho que não se vê. Os alvos desaparecem por escassos dias, depois voltam à sua vida em grupo e, a menos que se saiba, ninguém dirá que se trata de animais diferentes. Só que a diferença, perdoe-se a redundância, faz toda a diferença quando regressam à colónia, gatas e gatos estão esterilizados. É graças ao controlo da natalidade feito pela Catus que largas centenas de crias são poupadas a uma morte certa, nas zonas da Grande Lisboa e do Grande Porto. Actuando a pedido de particulares ou de entidades públicas, a associação desempenha também um importante papel em termos de saúde pública.

Estima-se que, todos os anos, nasçam no nosso país cerca de 10 milhões de gatos errantes. Que é como quem diz, vadios. Desse universo, já de si assustador, são perto de 80% as crias que morrem nos primeiros meses. Por se tratar de animais que facilmente são atropelados e sofrem muito com o frio e com as doenças, compreende-se o porquê de tanta mortandade. Daí que a esterilização tenha como primeiro efeito "salvar" do nascimento gatinhos que, muito provavelmente, não chegam à idade adulta.

"Queremos que os gatos da rua tenham qualidade de vida. Para isso, o número de indivíduos numa colónia tem de ser estável", afirma Vítor Santos, porta-voz do núcleo do Porto da Catus Portugal-Associação Protectora do Gato. No terreno desde Janeiro do ano passado, as brigadas portuenses já esterilizaram 20 colónias, num total de 140 animais. No entanto, o trabalho destes voluntários ainda não é muito conhecido.

O crescimento desmesurado das colónias pode pôr em perigo a saúde pública. Além do mais, os cios não conhecem fronteiras e é muito normal os machos lutarem pelas fêmeas, com todos os inconvenientes que isso acarreta em termos de transmissão de doenças. Para ser eficaz numa colónia, "a esterilização tem de ser feita em gatos e gatas", diz Vítor Santos, acrescentando que esses animais são depois marcados "com um corte ligeiro na ponta da orelha esquerda", para que as autoridades sanitárias não os removam para os canis.

E como o gato caça o rato, há locais onde a existência de colónias estáveis se revela essencial. Por esse motivo, a Catus é muitas vezes chamada a actuar junto dos hospitais, como aconteceu, recentemente, no "Santo António", do Porto. "Manter lá uma colónia de 20 gatos era importante para o hospital. Os gatos têm um papel de limpeza de todos esses animais que andam por lá", garante aquele responsável.

Vítor Santos refere ainda que "há uma continuidade no trabalho", isto é, a associação acompanha a situação dos grupos esterilizados. "Gostaríamos também de fazer este trabalho em escolas", conclui. Até ver, os particulares têm sido os principais clientes.

Quatro mil animais em cinco anos

Proteger o gato errante é o principal objectivo da Catus, surgida em Lisboa no início de 2000 e hoje com núcleos em Carcavelos, Cascais-Estoril, Almada, Seixal-Barreiro e Porto, estando em formação o de Faro. Até hoje, esta associação já esterilizou entre 3500 e 4000 gatas e gatos, a uma média de 1500 animais por ano. As brigadas actuam apenas em gatos vadios, podendo ser chamadas por entidades ou pelos particulares que alimentam as colónias. O custo pela intervenção é de 25 euros por cada fêmea e de 15 por cada macho, a suportar por quem requisita os serviços e referente apenas ao material cirúrgico, visto que as operações são feitas, a título gratuito, em clínicas veterinárias com as quais a Catus tem protocolos. Contacto em Lisboa 213017648 (e-mail: contacto@catus.pt); Porto: 912395271 e 967386120 (catus.porto@clix.pt).



Autora: Isabel Peixoto