Artigo retirado de: http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=580 Autor: Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2005/03/04 15:51 |
Animais - Sexo rigorosamente vigiado |
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Bem-vindo ao novo mundo hospitalar de cães e gatos, com clínicas sem mãos a medir em esterilizações, inseminações, cesarianas... Um artigo de Clara Soares - jornalista colaboradora das revistas Visão e Máxima As paixões proibidas ao estilo Romeu e Julieta assumem contornos mais leves no reino animal: a Dama fica mesmo com o Vagabundo, que enchem alegremente uma casa com a prole. Mas a tradição já não é o que era. As estimativas dos hospitais e clínicas veterinários do País sugerem um aumento de 25% nos pedidos de intervenções clínicas para impedir a reprodução, nos últimos dois anos, ao contrário da contracepção química (pílula) e das injecções abortivas, que têm vindo a baixar. Razões: maior conhecimento dos riscos para a saúde dos animais e a desmistificação da crença segundo a qual o desenvolvimento fica comprometido pela operação. Ter ou não ter «O sexo animal é meramente reprodutivo e por isso os animais não sofrem por isso», defende Joaquim Henriques, do Instituto Médico Veterinário, em Lisboa, que executa cerca de 400 castrações e esterilizações por ano. A vantagem é óbvia nos felinos: o cheiro da urina em casa e a agressividade acabam (marcação de território). Sem aparelho reprodutor, as gatas deixam de andar aluadas – fugindo de casa mal tenham oportunidade – e ficam protegidas de infecções e tumores. Com os canídeos, a história é outra: ainda há donos renitentes em castrar o macho, na crença de que, com isso, lhes retiram a virilidade. «Um estereótipo típico da cultura latina», dizem os clínicos. A reprodução em regime livre dos «quatro patas» é um quebra-cabeças para todos, os donos e os outros, pela proliferação descontrolada de crias, com resultados óbvios: canis e gatis a abarrotar, animais vadios sem vacinação (uma ameaça à Saúde Pública) e mortes por negligência ou atropelamento. Ajudar ao 'salto'
Há quatro anos, a associação Catus criou um programa de controlo de natalidade para gatos vadios de que resultaram cinco mil cirurgias. Segundo o presidente, Joaquim Aguiar, «tal equivale a menos 100 mil partos por ano – pouco face aos nove milhões que nascem por ano». Na raça canina a situação é menos crítica, mas nem por isso de ignorar, fazendo dos 101 dálmatas uma história politicamente incorrecta. Um sondagem feita por Sofia Pedroso, do portal pegadas.online.pt, mostra que a abstinência ainda é o método preventivo mais usado (25%), quase igualado pela esterilização (24%), na maioria dos casos após o primeiro cio.Com a expansão recente do número de sócios dos clubes de raças, garantir prole quando as probabilidades são escassas é o lema. Nas consultas da Faculdade de Medicina Veterinária faz-se, em média, uma inseminação artificial por mês, com sémen fresco. Procurado por criadores de raças caninas, o método permite testar o sémen e prevenir doenças sexualmente transmissíveis, além de ser útil quando o porte dos machos torna difícil a cópula ou nos casos, frequentes, de dominância da fêmea. Os machos com falta de jeito beneficiam de uma ajuda extra, como o Oliver, um bobtail com 37 quilos. A criadora, Isabel Alves, admite que é bem mais rápido e prático recorrer à colheita manual (com a cadela em cio à frente) com inseminação, poupando o animal «às tentativas falhadas do salto». Numa hora fica o assunto resolvido. Clara Soares, Visão nº622, 3 de Fevereiro O Felinus e Cia agradece a amável cedência do texto por parte da autora. |