Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=518
Autor:
Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2005/02/03 12:04

Proteger baldios e salvar lobos para equilibrar Gerês

Plano inovador revela medidas para proteger ecossistema e levar mais longe riqueza da região Parque integra rede nortenha de promoção de produtos típicos

Foi um dia de avanços para o Parque Nacional da Peneda- Gerês (PNPG com a apresentação de um plano zonal, pela primeira vez exclusivamente centrado nesta área protegida, que poderá representar o fim da negligência sobre os baldios geresianos. Paralelamente, o parque, através de um protocolo com a Direcção- Geral de Recursos Florestais, deu mais um passo para a preservação do lobo ibérico.

O primeiro projecto, já existente para o território de Entre Douro-e-Minho desde 1942, olhou, desta vez, o PNPG como uma área com características próprias. E, a par das já habituais comparticipações às explorações agrícolas, inseridas no programa amplo de medidas agro- ambientais, uma das necessidades prementes desta zona passa pelo tratamento dos baldios, cujos proprietários vão passar a ser financiados pelo programa Ruris.

Para o director do PNPG, Luís Macedo, esta medida representa "uma mais-valia para o desenvolvimento sustentado dos baldios", tantas vezes ao abandono ou acusando falta de manutenção. "Proteger estes espaços é proteger o próprio parque, uma vez que eles representam grande parte dele", salvaguardou.

Assim, através das candidaturas, que abrem no dia 7 e se prolongam até 31 de Março, os órgãos de administração de baldios comunitários, comprometem-se a cumprir um plano de gestão, a limpar mato, a respeitar limites de pasto e a erradicar as infestantes. Queimadas ou cortes com objectivos económicos ficam proibidos, sendo opcional a recuperação de casas de abrigo de pastor e ou pequenos albergues de animais.

As ajudas base oscilam entre os 25 euros e os 100 euros por hectare, anualmente, diminuindo o valor consoante aumenta o tamanho da propriedade. Para as recuperações, está previsto um custo unitário, que chega aos três mil euros no caso de reconstrução das casas de abrigo e mil para as restantes.

No âmbito do apoio às explorações agrícolas, as candidaturas abrem para os agricultores que se queiram comprometer a conservar a estrutura da paisagem, conservando património paisagístico e produtivo. Manter os sistemas tradicionais de pecuária, preservar raças autóctones ou não abandonar cultivo nos socalcos constam deste programa, com apoios que rondam os 400 euros por hectare de terreno.

O PNPG assinou igualmente um protocolo que prevê a cedência de corços, criados em cativeiro no Centro de Estudos e Reprodução de Corços de Albergaria, para zonas limítrofes da área protegida, com o objectivo de salvar "um dos grandes predadores da fauna portuguesa", garantindo a sua subsistência. Em troca, o PNPG receberá veados de outras zonas do País, a exemplo vindos do cercado de Moinhos de Rei (Cabeceiras de Basto) para utilizar em "repovoamentos directos".

O "intercâmbio de cervídeos" ajudará ao reforço populacional do lobo ibérico. No parque há 45 exemplares. "Na área circundante, mas já fora dos seus limites, há mais 12 ou 13 alcateias. É aqui que vão ser distribuídos os corços", em cotas a definir anualmente por ambas as entidades. O protocolo tem a duração de cinco anos.



Autora: Denisa Sousab>

http://jn.sapo.pt/2005/02/01/minho/proteger_baldios_e_salvar_lobos_para.html