Artigo retirado de:
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Autor:
Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2005/02/02 11:22

Burro é uma companhia como outra qualquer

Começa já a ser moda ter um burro como animal de estimação, no Nordeste transmontano. São bastantes os casos em que os asininos começam a fazer parte das brincadeiras ou a fazer apenas companhia aos seus proprietários.

Com este novo estatuto, o burro deixa de estar vocacionado apenas para ajudar nos trabalhos agrícolas ou para servir de animal de carga. O temperamento - é muito dócil - e a simpatia são os principais trunfos dos burros de Miranda, aliados ao seu fácil trato. Além de serem muito brincalhões.

O mais usual é que pais ou avós ofereçam o animal às gerações mais novas, para que comecem a ter contacto com a espécie, já que, pelas suas características, o burro de Miranda é igualmente utilizado em situações de ajuda a crianças com deficiência. É a chamada asinoterapia.

Agora, o que não é muito comum é um casal de noivos receber um burro como prenda de casamento. Pois esta situação verificou-se em Donai, localidade a poucos quilómetros de Bragança.

Ana Lucas e Paulo Vara, o casal contemplado, não estavam à espera que lhes oferecessem aquele presente. A situação aconteceu depois de terem manifestado o desejo de ter um burro com animal de estimação, já que possuem um parcela de terreno considerável para o animal poder movimentar-se à vontade. Depois de nunca mais de se ter falado no assunto, eis que Zimbro começa a fazer parte da família.

Ao fim de vários meses de casamento, Ana Lucas garante que o animal é apenas de estimação, dado o seu carácter. Para já, começam a ser criadas outras condições de vida para o jovem animal.

A relação do casal com Zimbro é de cumplicidade. O burrico dá imensa vida ao espaço onde vive. " Nota-se um certa felicidade de ambas as partes, quando se encontram", refere a proprietária. De notar que, de cada vez que os donos se aproximam de Zimbro, é demonstrada logo uma simpatia por parte do animal que contagia Ana Lucas.

O burro Zimbro é sempre um motivo de atenção para os amigos do casal de Donai. Por vezes, não acreditam nos "sentimentos" que o animal parece nutrir pelos seus donos, mas, após ter contacto com o burro, facilmente mudam de opinião.

Longe vão os tempos em que o jumento era um simples animal de trabalho e, por vezes, relegado para um plano inferior.

Desde que o burro de Miranda foi reconhecido como raça autóctone (também é considerado animal em vias de extinção), o caso tem vindo a mudar de figura.



Pelas arribas acima no dorso de um jumento

Com a introdução das máquinas, os burros deixaram de desempenhar o papel de auxiliares dos agricultores, pairando sobre eles a ameaça da extinção. Porém, já vai sendo hábito vê-los em passeios enquadrados no turismo na natureza. No Nordeste transmontano, são muito procurados para esse efeito, até porque há sítios, sobretudo nas arribas do Douro, onde só eles conseguem chegar. A Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino continua a trabalhar no apuramento da raça. Até agora, foram identificados cerca de mil exemplares, nos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Bragança.



Autor: Francisco Pinto


http://jn.sapo.pt/2005/02/01/etcetera/burro_e_companhia_como_outra_qualque.html