Artigo retirado de:
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Autor:
Mastah (Paulo Azevedo) [ Europe/Lisbon ] 2003/09/26 13:28

Esperanza

Rosário. Sim, talvez fosse mais uma conta de um longo rosário de mágoas se eu não ficasse com esta gatinha.

Deixei a Princy escapar-me - baptizei-a e não fiquei com ela. Terá nascido, muito possivelmente no dia em que a Titcha morreu. E agora, quando vejo fotos dela, reconheço na pose, nos movimentos, a graça da princesa cinza. Era minha, tinha de ser minha, e por medo abdiquei do meu sonho. Pelo menos aprendi que quando se fica a pensar no que poderia ter sido, a tortura é feroz.

Mas, não uma segunda vez.

Esperanza. Cativou-me no primeiro olhar - como a outra - mas a Titcha não tinha olhos tristes, tinha o olhar dourado, amarelo, curioso, e as patinhas de prata.

Esperanza. Como o nome diz: esperança. Esperança que a vida para ela seja mais leve, que a maldade nunca lhe passe a mão p'lo pêlo, que eu a consiga proteger como faria um anjo-da-guarda.

Um lince, uma miniatura de lince. Minha, ou de alguém que a estimasse tanto como eu, alguém que não tivesse medo de ficar com o coração pendurado num pedaço de patinhas com muito pelo, arriscando-se a um dia o ter desfeito em lágrimas.

Esperanza. Medo. Pavor. Mas os olhos dela são tristes, têm sombras que às vezes passam pelos meus, e resolvo que tenho de a fazer feliz, que será a gatinha mais feliz do Mundo, que terá uma amiga, ou companheiro, e que em vez de um, serão dois.

Esperanza. A esperança multiplica a felicidade.
Será?...
E se eu não me atrevesse a descobrir?
Agora é tarde... já arrisquei e penso num outro nome para o meu próximo gatinho...

Carla Mar - 30 de Abril de 2003