Artigo retirado de:
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Autor:
Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2004/11/02 23:00

Canil de Alcochete não abate os cães que acolhe

PARCERIA

Associação Os Canitos gere o espaço e trata da adopção de todos os residentes


Até para ser cão é preciso ter sorte. Que o digam os residentes do canil municipal de Alcochete, onde, ao contrário do que acontece na maioria dos casos, os animais são adoptados e não abatidos. Isto deve-se à parceria que a Câmara estabeleceu com uma associação, graças à qual os gatos errantes vão também passar a ter um tratamento especial.

Porque a lei assim o dita, os canis das autarquias podem abater os animais que não sejam reclamados ao fim de oito dias. Não é uma imposição, mas acaba por ser a realidade na maioria das estruturas municipais do país, onde o normal é não haver dinheiro, nem espaço, nem quem cuide dos bichos. Em Alcochete, porém, não existe o "corredor da morte". Fruto de um acordo que vigora desde Março, a associação Os Canitos tem a seu cargo a gestão do canil e o maneio dos animais, enquanto a autarquia assume a maior parte das despesas.

Em média, são 35 os afortunados cães que por ali vão passando, instalados em onze boxes e algumas áreas exteriores, à espera que lhes sorria a sorte de terem um dono. "Não é o canil com as condições ideais, mas temos a promessa da Câmara de aumentá-lo até 2006", afirma Carla Azevedo, presidente da associação. Está previsto que a obra contemple ainda a construção de um gatil, que será gerido nos mesmos moldes.

"Temos tido sorte, porque temos anúncios espalhados pela Internet, pelos jornais e as pessoas ligam-nos. Até agora, já demos para adopção mais de 30 cães", conta Carla Azevedo, salientando o facto de todos os animais estarem vacinados. Antes de seguirem para a nova casa, as cadelas são esterilizadas.

A presidente de Os Canitos acredita que em Portugal ainda "não há muita sensibilização" para este tipo de acordos, admitindo mesmo que Alcochete seja caso único. "Se houvesse mais parcerias como esta, seria uma forma de mudança. Diz-se que a evolução da sociedade se vê na maneira como trata os animais. Se houvesse mais parcerias deste género, haveria também uma modificação da mentalidade das pessoas", diz. E acrescenta que "muitas câmaras podiam fazer o mesmo, em vez de optar pela forma mais simples, que é o abate".

Constituída formalmente em Agosto deste ano por oito fundadores, a associação tem apenas algumas dezenas de sócios. E precisa de muitos mais para fazer face às despesas, como as que está a ter agora, com a castração dos gatos vadios de todo o concelho. E se a angariação de associados tem sido conseguida quase só através do passa a palavra, a nível de adopção as coisas correm melhor. Neste capítulo, tem sido imprescindível a divulgação dos residentes do canil municipal de Alcochete no site da SOS Animal.


Isabel Peixoto


Jornal de Noticias, 2 de Novembro de 2004

Sobre as boas práticas no Canil de Alcohete, pode também ler, em Informação/Notícias ou no link abaixo, a reportagem "Uma boa prática municipal: o Canil Municipal de Alcochete não abate os seus animais" da autoria de Adélia Costa e de Ana Paula Fernandes:


Uma boa prática municipal: o Canil Municipal de Alcochete não abate os seus animais