Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=209
Autor:
zorra (pinta ideias) [ Europe/Lisbon ] 2004/05/17 15:13

O ciúme mata

Queria prestar uma pequena homenagem ao meu primeiro gato, aliás gata que, acho, por eu ser tão infantil naquela altura não soube dar-lhe o devido valor e acima de tudo não respeitei o espaço dela, o bem mais precioso para um gato e ainda hoje me culpo e vou sempre culpar-me da sua morte. E eu acredito que devia de ter mudado o rumo da história...

Em dias como este, que não chove nem faz sol lembro-me mais do que nunca da minha amiga , companheira de alegrias, tristezas... foram uns 13 anos... foi a minha adolescência, a minha aventura com o mundo lá fora, mas sempre que voltava para casa, a Fofinha lá estava para suportar a minha alegria ou o meu mau humor. Arrependo-me tanto daquilo que não lhe dei! Das travessuras que fiz e do pecado maior que a matou: levei para casa uma outra gatinha e a Fofinha, que já não era nova, não conseguiu suportar tal coisa. Em menos de 1 ano morreu, triste, selvagem, ofendida comigo, pois eu achava que ela ia dar uma oportunidade à pequenina... era feio ser tão agressiva... Desculpa-me... Alguma vez serás capaz de perdoar tamanha traição?

Autor: A.M.
Fofinha companheira para sempre
Se dizem que os gatos têm algo de místico, eu tenho provas de que é verdade: os gatos são seres mágicos criados para se “atravessarem” na nossa vida em determinadas alturas, e só muito mais tarde é que descobrimos a razão de tais visitas na nossa vida.

Quando passei para o ciclo preparatório, recebi uma prenda muito especial: uma gatinha que foi salva de uma morte cruel para vir tomar conta de mim.

Podia falar dela até me cansar e não teria conseguido explicar a amiga, irmã que ela foi para mim. Não tenho irmãos, mas ela preencheu toda a solidão com a sua personalidade incrível...

Depois... veio o fim, com um começo. Ironia do destino, não é? A minha vida estava a dar uma grande volta: as borbulhas da adolescência iam dar lugar às rugas de preocupação dos adultos; o meu tempo já não era o mesmo, inclusive preparava-me para sair de casa por 1 ano. A Fofinha arrastava-se pelas minhas ausências e quase me ignorava quando eu estava em casa...

E então, numa noite de inverno, caía aquela chuva fria, constante, que só dá vontade de estar na cama a ler e que sabe tão bem comer aquelas sopas fumegantes que aquecem a alma; o meu Pai chegou do seu dia de trabalho, e contou que a menina do rés-do-chão do nosso prédio estava muito triste, porque descobrira um gatinho no jardim e a sua mãe não autorizava de maneira alguma a entrada do bichinho no lar, quente e lavadinho, condescendera em colocar um prato de leite à porta do prédio... Ora eu sabia que o gato tinha achado abrigo... o meu Pai é tão transparente! Lá fui eu escada abaixo à procura do bicho, andei debaixo dos carros estacionados, sujei-me na lama do jardim, molhei-me até aos ossos e por fim lá a descobri: frágil e com umas orelhas enormes! A menina minha vizinha deu-lhe nome e ficou dona honorária da Pitucha. A Fofinha nem queria acreditar no que via...

A Fofinha morreu e a Pitucha tornou-se a senhora da casa, mas não pensem que a Pitucha me escolheu para seu humano de estimação! Nem à menina cuja Mãe não conhecia a magia dos gatos, nem tão pouco escolheu o meu Pai, o seu salvador. Não... escolheu, sabem quem? A pessoa que “torceu o nariz” à sua chegada: a minha Mãe.

E hoje eu entendo porquê. Era a minha Mãe que precisava de um pouco de magia, pois eu dentro de muito pouco tempo iria voar para fora do ninho e a casa ia ficar muito vazia sem mim, sem a Fofinha e a Pitucha. Soube logo que tinha de tomar conta da minha Mãe, tinha de preencher os espaços vazios com a sua amizade, distraí-la com as sua brincadeiras, sofrer e rir com ela.

Também a Pitucha apanhou um susto dos grandes... e mais uma vez andei eu a chorar pelos cantos a pensar que merecia o inferno! É que se “atravessou” no meu caminho uma gata, que achou que me faltava qualquer coisa a mim e à pessoa que vive comigo, pois ela gosta dos dois com uma intensidade louca! Mas no primeiro dia da sua entrada nas nossas vidas eu fui a casa da minha Mãe e levei-a... A Pitucha ficou doente durante 15 dias, engordou e alterou para sempre o seu comportamento.

Eu, pelo menos, aprendi a lição: O ciúme Mata.