Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=1367
Autor:
Filipa Bastos (Filipa Bastos) [ Europe/Lisbon ] 2010/09/06 18:29

Os Gatos e a Gravidez, Bebés e Crianças - Entrevista 1



Entrevista a Teresa Rocha a propósito da reportagem sobre Gravidez e Gatos.

Ler artigo introdutório a este projecto AQUI

A entrevista à Teresa foi realizada em Junho de 2008.


Autor: Teresa Rocha
Vou ter uma irmãzinha humana? :)


1 - Qual era a tua opinião sobre a questão gatos e gravidez antes de engravidares? Houve alguma alteração na tua forma de pensamento desde então até agora?


Foi sempre a minha opinião que os gatos não são "maus" para a minha gravidez. Não são coisas incompatíveis de todo. Os meus dois gatos são elementos da minha família, com quem compartilhei esta experiência.
Não houve nenhuma alteração na minha forma de pensamento desde então.


2 - Como é que o teu médico abordou a questão da gravidez, da toxoplasmose e outros assuntos pré e pós parto geralmente associados a animais?

Confesso que este ponto foi um dos critérios que adoptei para manter ou alterar de médico. Graças a Deus a minha médica é uma pessoa esclarecida. Informou-me que os perigos na gravidez são os mesmos que temos sem estar grávida, porém, como temos um ser a crescer dentro de nós que é mais indefeso, temos de ter cuidados redobrados. Desta forma devo evitar aquilo que me possa transmitir doenças, adquirindo maiores cuidados com a higiene (em especial com as mãos), evitando alguns alimentos, em especial os crus, os que não sei se são frescos ou bem lavados e os queijos sem serem curados.

Relativamente à toxoplasmose, para a qual não sou imune e sabendo que tenho gatos, disse-me o seguinte:
- o principal cuidado é com as fezes: evitar manuseá-las directamente, usando luvas e lavando as mãos a seguir. De preferência pedir a outra pessoa para cuidar do sanitário deles.
- acima de tudo manter as mãos o mais limpas possível.
- uma vez que já tenho os meus gatos há muito tempo (7 anos) e não sou imune à toxoplasmose, dificilmente estes a têm e, por conseguinte, devo continuar a ter os cuidados para que eles não a apanhem (não dar alimentos crus, como carne; evitar que eles tenham contacto com possíveis fontes de contaminação como terra e outros animais)
- porém chamou-me bastante a atenção para as terras. Podemos mais facilmente contrair toxoplasmose por mexer em terra, por exemplo de jardim, do que através dos gatos, com as precauções básicas.

Não levantou qualquer tipo de advertência especificamente em relação a animais.




Autor: Teresa Rocha
Por alturas do segundo trimestre

3 - De que forma é que a relação com os teus gatos se alterou desde que soubeste estar grávida? Adoptaste algumas medidas preventivas em relação ao contacto com os animais?

Tive mais atenção aos pêlos - ainda que normalmente o tenha. A maior alteração foi não os deixar dormir na zona dos quartos. Dormem na sala, com direito a beijinhos e caminha antes de dormirem... São uns mimados! De qualquer forma não lhes vedei o acesso a nenhuma zona da casa, apenas restringi mais a zona dos quartos. Tive o cuidado de o fazer antes da Inês nascer para que não associassem a ela tais mudanças e não fossem muitas alterações num tempo curto. Fui habituando aos poucos, utilizando uma técnica que se aplica a crianças para as habituar ao quarto delas: vou sempre que me chamam e logo que se acalmam volto a deixá-los onde estavam. Assim sabem que estou por perto e atenta, podem contar sempre comigo.

Em relação ao contacto com os meus gatos não alterou nada, só os normais (pêlos e lavar as mãos). Em relação à minha cadela, que é muito grande, tive obrigatoriamente que ter mais cuidado na abordagem para evitar quedas e patadas muito fortes... mas continuei a ter contacto e a cuidar dela (comida, escovar pêlo, brincadeiras...)

Em relação ao contacto com animais que não os meus tive mais cuidado para evitar arranhadelas, mordidas ou quedas. De qualquer forma isso não me impediu de ajudar um esquilo atropelado. O principal cuidado foi sempre com a higiene, em especial das mãos.

Quanto ao sanitário... o meu marido começou a limpar. Porém muitas vezes era eu mesma que o fazia com ou sem luvas e sempre com uma pá, lavando tudo em seguida.


4 - Como é que os animais reagiram à tua gravidez? Houve alterações no comportamento deles?

Não notei alterações. De qualquer forma aperceberam-se da gravidez e de um novo membro na família. Lembro-me de umas vezes em que, enquanto dormiam ou recebiam mimos no meu colo, esticaram a patinha e parecia que faziam festas na barriga. Com o bom ouvido que têm não me espanta nada que ouvissem a Inês e sentissem os seus movimentos.



Autor: Teresa Rocha
Queremos ambos miminhos!

5 - Como é que os animais reagiram ao bebé depois do nascimento?

Tive algum receio que ficassem tristes por falta de atenção por isso sempre tive o cuidado de os continuar a mimar e estimular o meu marido a fazê-lo mais quando eu não podia.

O mais engraçado foi quando a Inês veio para casa e incrivelmente foram dormir para a sala, ronronando, mesmo sem fechar a porta que dá para os quartos. Parecia que percebiam que tinham de ficar ali e que estava tudo bem... foi lindo.

Não houve qualquer tipo de alteração no comportamento deles, apenas mais compreensíveis do que esperava. Andavam sempre junto de mim e da Inês. Deitavam-se junto ao berço. Espreitavam e cheiravam. Nunca lhe fizeram mal ou tiveram algum tipo de reacção pouco amistosa. Pelo contrário.


6 - O surgimento de um bebé implica sempre alterações na rotina diária, no espaço da casa, no tempo livre, etc. Como é que os animais reagiram e se adaptaram (ou não) a essas mudanças?

Tive o cuidado de ir fazendo as alterações gradualmente. Nunca deixei de dar atenção, revezando-me mais com os restantes elementos da família.
Talvez por isso e por não os afastar da bebé não demonstraram dificuldade em adaptarem-se às mudanças.



7 - Como foi / é a relação da criança com os gatos?

Imita o que eu faço quando lhes toco. Estica a mão e faz festas, em geral devagar. Tenho o cuidado de estar por perto para evitar que se aleijem mutuamente.
Agora joga às escondidas em especial com um deles. Gatinha e já sabe que ele se esconde debaixo da cama... é muito engraçado, diverte-se mesmo!
Eles têm mais atenção aos movimentos dela quando se aproxima... para evitar serem pisados ou ver o pêlo puxado.


8 - A Inês tem ou teve problemas de saúde (alergias ou algo que pudesse ser imputado ao contacto com os animais)?

Tirando um pequeno problema de icterícia à nascença (que nada teve a ver com os gatos!) tem sido sempre saudável. Tem contacto com diversos animais e não teve até hoje (já com 14 meses) qualquer tipo de alergia ou doença.


Autor: Teresa Rocha
Sempre juntos :)

9 - Consideras que ter animais em casa afectou positiva ou negativamente a criança? Em que aspectos?
Afectou positivamente. Ajudam-me a cuidar dela... é verdade! São atentos aos ruídos que faz e miam-me quando algo não lhes soa a normal. Na realidade, uma vez conseguiram evitar que ela caisse da cama onde dormia.

Por outro lado a Inês vai percebendo que a mãe que é dela também cuida de outros e tem de aprender a compartilhá-la e ao pai. Julgo que tal ajudará em especial quando vier um maninho(a) (se Deus quiser e nós pudermos e quisermos também!).

Com o tempo é bom que ela aprenda a cuidar deles e a brincar com eles. São excelentes para formar bem uma pessoa.
Por último, acredito que o contacto com animais, obviamente com os cuidados normais de higiene, são muito benéficos para a saúde.


10 - Queres deixar algum conselho a futuras mamãs ou casais?

Um ou mais filhos não são razão para deixar os nossos animais, sejam eles quais forem. É preciso pensar que tudo na vida se altera e gera alterações e que nós apenas temos de nos adaptar. A adaptação não é muito difícil, na realidade se for feita com tempo e minimamente planeada é muito simples e compensadora.

Quando acolhi os meus gatos tomei o papel de mãe deles. Os animais, assim como as crianças, assim como o trabalho, ou outras circunstâncias, moldam as nossas opções. O afecto envolvido faz com que não sejam sacrifícios, pelo contrário. Foram importantes, quer para mim, quer para o meu marido. Fizeram companhia nos dias em que estivemos separados. Transmitiram conforto e apoio. Também eles nos ajudaram a adaptar. Cá em casa somos cinco, muito felizes!

É preciso ter em conta que os animais têm a maravilhosa capacidade de compreender os nossos pensamentos sem necessidade de falar. São um precioso apoio nestas alturas de mudanças e de alterações hormonais. Quer para a mulher, quer para o marido. Estão sempre receptivos a mimos e transmitem-nos aquela sensação de um abraço... um BOM abraço.




O Felinus e Cia. agradece à Teresa Rocha e a toda a sua família o seu importante testemunho.