Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=119
Autor:
Filipa Bastos (Filipa Bastos) [ Europe/Lisbon ] 2004/02/19 00:20

Histórias de Sobrevivência (2): Augusta

A Augusta está cá quase há 2 anos. Vinha grávida, corizenta e com uma gengivite brutal que nos fez pensar logo em FIV.

Os exames confirmaram o FIV e foi operada mesmo grávida (quer ter os bebés, quer operar, era um risco, dado o estado dela, mas se os tivesse depois não os podia criar de tão mal que vinha, nem se esperava que ela aguentasse o parto. O Dr. Assis foi um amor e tratou dela gratuitamente nessa altura.

Ora, gata meiga, velha, com FIV, quem acham que a queria????? Eu, acertaram! Foi tratada da coriza, operada com mil mariquices, ligada a monitor cardíaco, etc., e veio para minha casa continuar o tratamento. Tinha a pele toda a cair às rodelas e ficava toda preta por baixo, duas feridas enormes e a gengivite. Esteve de colar isabelino para tratar as feridas, senão ia lá com a linguinha, e quando vimos que os antibióticos não funcionavam com gengivite combinámos logo tirar os dentes, Bom, aqui começou-me a doer no bolso mas pronto, era minha e tinha de aguentar.

Recuperou da pele e cresceu pêlo novo por todo o lado. Tem agora 3 novas feridinhas pequenas (vai ser o fraco dela) mas está linda, mesmo sem dentes. Recuperou de forma espectacular da operação aos dentes, durante 3 semanas esteve a antibiótico dado com muito amor porque lhe doía mas começou logo a comer ração... incluindo as tais bolas grandes de T/D, que por acaso até são para os dentes... Toma Select, que é um composto de minerais aminoácidos, etc., óptimo para animais fracos ou de idade. Adora dormir e brincar, e brinca como uma bebé. Acho que só agora ela está verdadeiramente a viver. Integrou-se lindamente com os meus, mais estalo menos estalo, e adoooora os bebés. Adoptou, tipo vóvó, os mais pequenos.

É feliz, e eu também, mas quando a apanhei ouvi muitas vezes “Que nojo de gata... Porque não abates?”. Mas eu e a Dra. Helena (da clínica do Dr. Assis) temos ideias diferentes e achámos que a íamos por bem. Não foi fácil mas ficou... Quanto vai viver não me interessa. É feliz e está tratadinha.

A gengivite dela era tão má que babava sangue, e nessa altura tive-a separada dos meus. Não lhe podia dar nada pela boca que ela gritava de dores. Agora, maravilha! Deixa tratar super bem.

Voltou a ter este ano uma pequena recaída da gengivite, facilmente resolvida pois deixa dar injecções, tudo. Está de novo com um pequeno problema de pele mas disso não morre. Este tipo de problema acontece bastante nos gatos com FIV. Foi das gatas mais maltratadas que vi. Terá uns 12 anos agora. Orelhas já com marcas de lutas e uma vida que foi difícil de certeza.

Será talvez feiosa pelo estado em que vinha mas tem um pelo lindo e é super meiga. Que interessa o resto?...

A primeira veterinária que a viu quis abater. Então peço a uma amiga para as ir buscar às 2 da manhã em resposta a um apelo e na manhã seguinte querem abater?... Ora nem pensar! Tivesse eu adivinhado e tinha trazido também a outra que foi apanhada na altura com ela. Não foi abatida mas morreu sem tratamento.

Nós as 3 lutamos pela Augusta: eu, a Dra. Helena e a própria Augusta, então assim chamada porque, por brincadeira, dizia que era mais velha que a Sé de Braga. (Não riam mas o nome completo dela é Bracara Augusta).

Valeu a pena esta luta. Aquela gatinha tem pago em amor e confiança total. Deve ter sofrido muito, mas entregou-se com amor e ajudou nos tratamentos. Continua a adorar gatos bebés e mais jovens e foi uma vóvó para a Marta.

Vale sempre a pena lutar. Nem sempre se vence, mas vale a pena lutar. E assim entrou a minha quarta gata com FIV cá em casa. O último check-up estava ok.





Autoria: Ana Ramos