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Autor:
tiara (teresa) [ Europe/Lisbon ] 2007/11/02 18:34

Afinal os gatos têm mesmo sete vidas



Irminia é uma gata cujo “miar” com sotaque francês não revela as inúmeras aventuras por que passou. Após sete anos em que a dona pensava ter perdido a bichana num acidente de viação, eis que regressa sozinha à casa em Portugal.

Se é verdade que os gatos têm sete vidas, Irminia é a prova que o mito pode ser real. A gata preta de pelagem farta nem sempre viveu dias felizes. A história é relatada ao Observatório do Algarve pela dona da felina, Fernanda Inácio, uma emigrante portuguesa na França.

Irminia foi abandonada junto à casa de Fernanda, em Bourg-en-Bresse (França), muito mal tratada e Fernanda recolheu-a.

Já nessa altura a estória de Irminia é um exemplo. Os antigos donos foram identificados pelos maus-tratos que infligiram ao animal e condenados em tribunal a pagar uma indemnização, dinheiro esse que foi entregue à Sociedade Protectora dos Animais francesa.

Em 2000, esta gata viaja com outro gato e os donos – um casal de emigrantes – até à terra natal destes. Seguem rumo até Coiro da Burra, uma localidade perto de Estói, onde passam as habituais férias de Verão.

No regresso ao país que escolheram para viver, Fernanda e o marido sofrem um grave acidente de viação, na zona de Sevilha (Espanha). O acidente resulta na morte do marido de Fernanda e esta sofre alguns ferimentos que a obrigam a um internamento de três dias num hospital local.

Quando tem alta, a emigrante dirige-se à polícia e pergunta pelos animais de estimação que seguiam viagem no carro. As autoridades espanholas informam-na que apenas um tinha sobrevivido: o gato Popei, que regressa a França com a dona.

Até Agosto deste ano, Fernanda sempre acreditou que a gata Irminia tivesse morrido no fatídico acidente. Qual não foi a surpresa quando volta a reencontrar a bichana sete anos depois.

Gata encontra casa da dona em Portugal

Fernanda e o falecido marido tinham por hábito viajar para Portugal nas férias de Verão acompanhados pelos animais de estimação. Depois do acidente a senhora manteve esse costume, fazendo-se acompanhar pelo gato sobrevivente, que viveu até Julho de 2006.

Fernanda nutre um grande amor por animais, o que a leva a recolher, acarinhar e alimentar alguns gatos da vizinhança, tanto em Portugal como na França.

Já em Agosto deste ano, estava Fernanda na sua casa em Portugal e aos gatos que por hábito alimenta na rua junta-se uma gatinha preta, com um ar muito mal tratado. Quando a chamou, “a gata dirigiu-se directamente à casa e nunca mais se foi embora”, conta Fernanda.

Passados uns dias decide levá-la ao veterinário e já desconfiava que se tratava da bichana que supostamente havia morrido no acidente, apesar de achar que seria muito difícil que fosse a mesma.

“Eu chamei pelo nome dela e veio logo, falava em francês com ela e ela compreendia, foi aí que comecei a realizar”, explica.

A visita ao veterinário confirmou as suspeitas. A gata possui um chip que identifica os donos e lá estavam o nome e morada de Fernanda na França.


A alegria de Fernanda não é descrita em palavras e quando questionada pelo veterinário sobre o destino a dar à bichana respondeu: “se você me desse o dinheiro que sai no loto eu não trocava por este animal. É uma companhia”.

Irminia agora é uma gata feliz e a sua dona também, depois de sete anos de separação a ligação entre as duas é notória e os mimos de Fernanda contribuíram para a rápida recuperação desta felina que durante sete anos ninguém sabe por onde andou.

“Estava muito magrinha, as patinhas muito usadas, não tinha unhas, tinha falta de pêlo, um mês depois já não parece a mesma”, descreve a dona.

Segundo Fernanda, o caso de Irminia não é pioneiro. Um veterinário francês por ela contactado explicou-lhe que existem casos semelhantes e até com intervalos de tempo mais longos.

“Quem sabe se ela não foi a França e voltou a Portugal”, conta Fernanda ao Observatório do Algarve como sendo uma possibilidade que o veterinário lhe transmitiu.

Agora, Irminia e Fernanda são inseparáveis e terminadas as férias estão de regresso a Bourg-en-Bresse, quem sabe para novas aventuras, desta vez mais felizes.



in Observatório do Algarve , publicado em06-10-2007 9:19:00