Artigo retirado de: http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=1131 Autor: MMonte (Madalena Monte) [ Europe/Lisbon ] 2007/11/25 19:17 |
A lenda de Bastet |
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Na mitologia Egípcia, Bastet, também conhecida por Bast, Ubasti, Baen-Aset ou Ailuros (palavra grega para “gato”) era uma divindade solar e deusa da fertilidade, além de protectora das mulheres grávidas e tinha também o poder sobre os eclipses solares. Representava a doçura maternal e a feroz defesa dos filhos, assim como o prazer, a feminilidade e a alegria. Além disso era a deusa da música e da dança.
Bastet, a deusa-gata, como é mais conhecida, fazia-se representar como uma gata sentada ou como uma mulher com cabeça de gata, que na mão leva um instrumento musical sagrado – o sistro (instrumento de percussão que produz um som achocalhado). Na mitologia egípcia, Bastet defendeu Rá, o deus Sol, dos ataques da serpente Apofis (um ser demoníaco e maléfico e uma constante ameaça à ordem, que representa o mal e a obscuridade). Na cidade de Bubastis, nome que significa “casa da deusa Bastet”, no Nilo, aparecem vestígios do seu culto na IV dinastia . Era a esposa de Ptah com quem foi mãe de Nefertum e Mihos. Nas suas origens, Bastet aparece em alguns textos relacionada com Sejmet (considerada a deusa da guerra e da vingança). Sejmet (a poderosa) é uma deusa destruidora dos homens e responsável pelas epidemias que caíam sobre o Egipto. Dizia-se que a sua ira era terrível, porém, se apaziguada, oferecia aos seus adoradores o domínio sobre os seus inimigos e o vigor e energia para vencer a debilidade e a doença. Algumas fontes mencionam que Sejmet seria a forma encolarizada de Bastet que, quando se apaziguava a leoa (Sejmet), esta se transformava em gata (Bastet).
Foi a partir do séc. X a.C. que começou a representar-se como uma gata doméstica. Conta uma lenda egípcia que, no princípio dos tempos, houve uma revolta dos homens contra o poder divino. Rá, para os castigar, enviou a feroz Sejmet. Porém a leoa, sedenta de sangue, perde o controlo até ao ponto de Rá ter de intervir para que Sejmet não aniquile toda a humanidade. Manda fabricar cerveja e ordena para a colorirem de vermelho de modo a se assemelhar a sangue. A cerveja é derramada perto da deusa que logo a começa a beber. No final está tão embriagada que esquece a sua fúria contra os homens. Porém, sente-se tão humilhada que foge do Egipto e refugia-se em Núbia (parte do actual Sudão). Para reestabelecer a ordem divina é necessário que Sejmet regresse ao Egipto e assim Rá envia Thoth com a missão de convencer a irascível e terrível leoa. Thoth (deus da sabedoria e mediador entre os deuses), consegue acalmar Sejmet que volta ao Egipto na forma de uma gata. Bastet encarna nos aspectos pacíficos de Sejmet. Protege a gestação e os nascimentos e é um dos olhos de Rá (o que está associado à Lua). Por isso antigamente se colocava aos bebés amuletos de Bastet para que os protegessem das doenças. Sejmet, porém, era o outro olho de Rá, associado ao Sol, que representava as queimaduras solares. Apesar de tudo, ambas entram na categoria de deusas perigosas, pois os seus acessos de ira são tão terríveis que até o rei dos deuses, Rá, temia permanecer junto a elas. É a dualidade do carácter felino que pode passar facilmente do amor mais profundo face às suas crias à cólera mais terrível por os defender contra qualquer ataque externo. A dinastia XXII toma Bastet como uma divindade própria e estabelece uma nova capital do Egipto em Bubastis, na região do delta do Nilo, sendo que a dinastia é conhecida como bubástica.. Para manter contente a deusa-gata devia-se celebrar na sua cidade uma festa chamada “a festa da embriaguez” em que corria vinho em grandes quantidades, pretendendo aplacar a ira da deusa para que não retomasse o seu aspecto de leoa e se arremetesse contra os humanos. Com o passar dos tempos os sacerdotes mantinham e adoravam gatos sagrados considerados a reencarnação da deusa. Quando estes gatos morriam realizava-se um ritual de mumificação com todas as honras. Pessoas de todo o Egipto emigravam para esta cidade quando os seus gatos morriam para os poder enterrar num cemitério junto à cidade da deusa-gata. Todo aquele que matasse um gato no Egipto recebia uma sentença de morte. Em 1859 encontraram-se vastos cemitérios de gatos, totalizando à volta de 300.000 gatos mumificados, encontrando-se igualmente maravilhosos bronzes representando estes animais.
Através da sua cidade, Bastet foi adorada em outras cidades egípcias como Heliópolis, Menfins ou Leontópolis, difundindo o seu culto e, mais tarde, a Itália, até por volta de finais do século IV d.C. A deusa Bastet acabou convertida em objecto de caça às bruxas na Idade Média devido à sua associação com as mulheres e com a Lua. As festas em Bubastis, em comemoração a Bastet, são comemoradas até hoje no mês de Abril, sendo o dia 15 de Abril o eleito para estas comemorações. Bibliografia: http://www.shira.net/egypt-goddess.htm http://www.migato.es/articles.php?a=45&c=&pg=5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Bastet |