As Flores (Margaridas) e a minha Gatinha Miquelina.

Sabes, gatinha, ainda me lembro de ti muito pequena e assustada com esses lindos olhos verdes, apesar de teres sido abandonada confiaste em mim, sei que eras muito pequenina mas já trazias a tua dose de maus-tratos, foste uma gatinha muito especial. Tentei fazer-te feliz, tentei compreender-te, penso que foste feliz, tiveste os teus meninos e foste uma boa mãe. Aquele dia fatídico em que foste atropelada, fez-me sentir uma dor como nunca tinha sentido, mas apesar do desgosto que ainda hoje sinto, permanecerás sempre viva enquanto eu o estiver, o menino também sente muito a tua falta.

Sabes, gatinha, pouco depois de teres partido, recolhemos o Survivor, um gatinho que tal como tu também foi abandonado, e muito mal tratado, foi o menino que o levou para casa, também adoptei a Sarapintada, uma gatinha de rua já velhinha, nós sabemos que estejas onde estiveres continuarás orgulhosa nos teus donos.


Sabes, gatinha, a Princesa (Piu-piu) continua a mesma de sempre, muito meiguinha mas muito assustada, está cada vez mais gordinha.


Sabes, gatinha, quando te deixamos na tua última morada, colhi uns pezinhos de uma flor chamada margarida, que está por cima da tua campa, plantei-os num vaso no quintal (onde tu tanto gostava de brincar), de cada vez que nasce uma flor eu sinto que tu estás ali, que olhas para mim, que me dás um sinal, e que sentes as minhas carícias. Querida gatinha, tudo isto pode não passar de uma ilusão, mas é a forma que eu arranjei para que a tua partida seja menos dolorosa.

Adoro-te, minha grande amiga.