Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=1073
Autor:
MMonte (Madalena Monte) [ Europe/Lisbon ] 2007/06/22 18:16

SOS PULGAS

Se pensa que o assunto “pulgas” não é para si que até nem tem animais de estimação, está muito enganado. Não é preciso ter um cão ou um gato para ver de repente a sua casa infestada por estes minúsculos bichinhos.
Neste artigo vamos falar dos tipos de pulga mais comuns e como se podem propagar e combater.

Como tudo começa
Logo de manhã, Maria vai passear a sua cadela Angie para o parque que fica em frente à sua casa. Angie cumprimenta no caminho, mais alguns cães e segue o seu curto passeio matinal. Num desses cumprimentos caninos, quando toca no focinho de Jack, um lindo Pastor Alemão, algumas pulgas passam de hospedeiro e Angie e Maria, já trazem alguns novos bichinhos para casa.
Na mesma altura, Rudolfo, um lindo exemplar felino, tigrado e de olhos verdes, volta do seu passeio matinal, saltando para a janela que a sua dona, Maria do Carmo, tem o costume de deixar aberta para a voltinha matinal do seu felino. Bem aninhadas no seu pêlo, algumas pulgas vêm juntamente com Rudolfo para os seus novos domínios.
Maria do carmo olha pela janela antes de a fechar e vê o seu vizinho António a despejar o lixo nos contentores antes de seguir para o seu carro, a caminho de mais um dia de trabalho. O que a vizinha não viu foram as pulgas minúsculas que saltaram para a meia e perna de António e com ele foram para o carro, trabalho e sua casa.


Qualquer uma destas situações pode acontecer a qualquer um de nós, quer tenhamos ou não animais de estimação. E quando notarem a presença de vários destes bichinhos… já será tarde demais e terão a braços uma infestação de pulgas.

Existem cerca de 1500 espécies de pulgas entre as quais:
- a pulga doméstica que parasita preferencialmente o homem – Pulex irritans
- a pulga que parasita o rato de esgotos (ratazana), que é capaz de transmitir ao homem a terrível doença conhecida por Peste Bubonica e
- as pulgas Ctenocephalides canis e Ctenocephalides félix, as pulgas que parasitam, respectivamente, os cães e gatos.

As pulgas são insectos hematófagos, isto é, alimentam-se do sangue do hospedeiro que parasitam. Embora cada uma delas procure o seu hospedeiro preferido, na falta deste pode parasitar qualquer um dos outros. Normalmente as pessoas, de uma forma geral, desconhecem que existe esta variedade de pulgas.

A pulga doméstica (Pulex Irritans) encontra-se apenas em meios muito degradados, onde não existem condições mínimas de higiene básica. A pulga que parasita cães e gatos é a mais vulgar e a que se pode encontrar mais facilmente nas nossas casas, devido ao contacto do homem com estes animais de estimação.

O cão infesta-se de pulgas facilmente pelo simples facto de o levarmos à rua para passear ou para ele fazer as suas necessidades. As pulgas podem saltar até cerca de 30 cm de altura pelo que um animal pode levar algumas para casa sem ter tido nenhum contacto mais próximo com outro animal. Assim sendo é muito fácil as nossas casas serem infestadas com pulgas, trazidas pelos nossos animais ou simplesmente vindo agarradas à nossa roupa ou sapatos.

E o ciclo começa…

A pulga passa por quatro estágios no seu ciclo de vida, que pode durar de 12 a 170 dias, dependendo da temperatura ambiente e humidade (condições ideais são temperatura em torno dos 27ºC e humidade de 80%).

A fêmea da pulga deposita os ovos no cão ou gato e, como muitos destes ovos não se fixam bem no pêlo, quando o animal se coça ou sacode, caem no chão. Os ovos não são visíveis a olho nu, são resistentes a secas, altas temperaturas e produtos químicos.

Se os ovos encontrarem no pavimento condições propícias de temperatura e de humidade, eclodirão em larvas num período de 2 a 10 dias. As larvas são minúsculas e entranham-se nos tapetes, mantas, tecidos, frestas do soalho, etc., onde se alimentam de restos orgânicos e de fezes de pulgas adulta (que não é mais do que sangue mal digerido e muito energético para estas larvas). No exterior também se alimentam de fezes de animais, nomeadamente de fezes de cães.

Entre 5 a 11 dias as larvas formam um casulo onde se desenvolve a forma de pupa, estágio em que o parasita é extremamente resistente aos produtos antiparasitários e a outros agentes de limpeza. A pupa pode ficar escondida por meses na sua casa e por mais que você limpe, ela se esconde tão bem que apenas com os produtos de limpeza normais, vassoura ou até mesmo aspirador de pó, pode ser difícil eliminá-la.

Se as condições no ambiente e temperatura forem favoráveis, as pupas poderão transformar-se novamente em pulgas e daí a 5 dias tornamos a ter pulgas adultas e o ciclo continua.

Pulga adulta - ovos - larvas - pupas - pulgas


Porém, se não existirem as condições para as pupas saírem do casulo, poderão aí permanecer até um período de vários meses até as condições ideais aparecerem.

Quando chegam a pulgas adultas, normalmente a partir do 4º dia, cada fêmea produz em média cerca de 20 ovos por dia. Se este ciclo não for interrompido, e dada a sua velocidade e facilidade de reprodução, a infestação do animal e na casa é cada vez maior e pode atingir proporções desagradáveis.

O ciclo de vida de uma pulga dá-se 95% no ambiente (não visível a olho nu) e apenas 5% no animal, pelo que quando se dá conta da infestação (visível a olho nu) no animal muito possivelmente a sua casa já estará hospedando uma enorme quantidade de pulgas.

E estes minúsculos animais não representam apenas um perigo para o seu animal ou na higiene da sua casa. Também podem desencadear problemas na sua saúde. A picada da pulga causa normalmente uma comichão incomodativa mas saiba que este é um mal menor. Aqui ficam alguns dos problemas que as pulgas podem trazer:

Dermatite pruriginosa
No acto de sugar o sangue, a pulga injecta a sua própria saliva que tem propriedades anticoagulantes, para poder sugar melhor o sangue. É esta substância da saliva o que provoca a irritação. Animais mais sensíveis e alérgicos à saliva da pulga podem desenvolver eczemas e outras doenças cutâneas como a dermatite pruriginosa.

Anemia
Se o número de pulgas no cão ou gato for muito elevado pode verificar-se anemia pela quantidade de sangue sugado, não só porque o animal se alimenta cerca de 20 vezes por dia, como também pela capacidade do seu estômago, que pode encher-se de aproximadamente 0,5mm3 de sangue.

Problemas na pele
Numa situação limite o animal/hospedeiro pode passar a comer menos e tornar-se deprimido ou até agressivo, dependendo da sua personalidade. Muitas vezes é isolado pelo dono do convívio familiar por causa das condições da sua pele, que pode apresentar descamação e infecções produtoras de odores desagradáveis.

Transmissão da ténia
A pulga que parasita os animais domésticos constitui um vector de transmissão de certos parasitas intestinais como o Dipylidium caninum, uma ténia semelhante à vulgarmente designada “bicha solitária” do homem, mas que parasita exclusivamente os cães, gatos e outros carnívoros.
Ténia


As pulgas na fase larval, quando se nutrem de fezes de cães parasitados, vão ingerir os ovos da ténia existente nessas fezes, ficando por sua vez parasitadas pelo Dipylidium. Já na fase de pulga adulta e tendo por hospedeiro um cão ou um gato, este no acto de catar as pulgas com os dentes, frequentemente ingere-as. Neste processo o cão ou gato viu-se livre de uma pulga mas ganhou uma ténia, já que os ovos deste parasita se irão transformar em vermes no intestino do novo hospedeiro (o cão ou gato) e passar a viver aí uma nova existência parasitária, atingindo então o seu completo desenvolvimento.

O efeito desta ténia manifesta-se por: emagrecimento, diarreia, perda de pêlos em determinadas zonas do corpo, comichão na zona anal, que leva o animal a arrastar-se esfregando o ânus no chão. Por vezes são visíveis pequenos reservatórios de ovos do verme à volta do ânus ou nas fezes, semelhantes a grãos de arroz, possibilidade de morte do animal, se não se proceder a um tratamento capaz.

As crianças e adultos podem contaminar-se ingerindo os ovos deste parasita. É muito frequente as crianças, nas suas brincadeiras, tocarem com as mãos no chão e levarem-nas à boca. Os adultos também têm o costume de catar as pulgas do cão e esmagá-las com as unhas dos polegares. Se as mãos não forem lavadas imediatamente, os ovos do Dipylidium caninum podem ser facilmente ingeridos.
Este parasita, contudo, quando ingerido pelas pessoas, não se vai fixar no intestino mas noutras partes do corpo como o sistema nervoso, olhos, etc, formando quistos.


Por todos estes motivos e mais alguns é que não deverá deixar o seu animal sem ser regularmente desparasitado pois pode tornar-se num perigo maior do que o que poderá pensar.

Torna-se essencial saber como lidar com estes bichinhos e, como diz o nosso ditado, “mais vale prevenir do que remediar”. Leia de seguida como desinfestar a sua casa, o seu animal e como manter um ambiente o mais limpo possível.


Desinfestação do meio ambiente
Como a maior parte do ciclo de vida da pulga ocorre fora do seu hospedeiro, o cão ou gato, é necessário cuidar não só da sua higiene como também das instalações e ambiente onde ele vive. Por isso, o combate às pulgas deve ser feito de forma integrada e consistente. Não basta eliminar as pulgas que se encontram no animal. Tão ou mais urgente é exterminá-las também no ambiente em todas as suas formas evolutivas.

Os locais que os animais frequentam devem ser cuidadosamente limpos. As carpetes, sofás, almofadas devem ser aspiradas e os tecidos como mantas e outros onde habitualmente dormem devem ser lavados com água bem quente.

O insecto na forma de pupa é muito resistente, mesmo aos insecticidas. As larvas também são difíceis de atingir porque se enfiam nas fibras das carpetes descendo para a base destas para fugirem da luz a procurarem mais protecção. Também migram para locais escondidos debaixo de móveis e das frinchas da madeira. A forma mais eficiente de combater o parasita nestas suas formas evolutivas consiste em usar um aspirador forte e proceder à limpeza dessas zonas com alguma frequência. A eliminação de pulgas no ambiente domiciliar pode demorar de 3 a 6 semanas.
Este trabalho deve ser complementado com produtos próprios para desparasitação do ambiente em forma de pó ou de spray e outros que se aplicam directamente no animal.


Desinfestação do animal
Há no mercado uma enorme variedade de produtos ectoparasiticidas, que se apresentam sob diversas formas: champôs, sprays, pós, gotas, comprimidos e coleiras antiparasitárias.

Há produtos que agem regulando o crescimento das pulgas, eliminando os seus ovos e os chamados adulticidas que matam a pulga adulta.

Há também produtos em gotas, que são aplicados na pele do animal. Geralmente aplica-se uma única dose no cachaço, para evitar que ele lamba o produto e se intoxique. Estes produtos são absorvidos pelo organismo e entram na corrente circulatória, aí permanecendo. Quando a pulga suga o sangue do animal, ingerirá essa substância e assim o seu ciclo de vida evolutivo não terá continuidade.

Outros produtos agem sobre o sistema nervoso do insecto e a maioria das pulgas morre no espaço de 24 horas, antes que tenham a hipótese de deixar ovos.

Outros ainda, sob a forma de spray, actuam através da gordura da pele do animal. As pulgas morrem no espaço de 24 horas e o produto mantém-se activo por um período de 3 meses, mesmo que seja dado banho ao animal. O produto nunca deve ser aplicado no mesmo dia do banho, mas sim 24 horas antes ou depois, para se garantir que o nível de gordura da pele seja satisfatório.

Há ainda inibidores de crescimento que actuam de forma a impedir que a larva da pulga saia do ovo. O produto é apresentado sob a forma de comprimidos e administrado ao animal uma vez por mês. A susbtância será libertada lentamente nos tecidos, mantendo-se activa durante algumas semanas após a sua administração. A pulga fêmea ingere o produto enquanto se alimenta do sangue do animal e então a droga incorpora-se nos ovos, neutralizando-os. Estes produtos não matam a pulga adulta mas evitam que ela procrie.

As coleiras antiparasitárias também são muito eficiente e tem a vantagem de proteger o animal das pulgas, carraças e mosquitos durante cerca de 4 meses.

Existem muitas outras formulações insecticidas para os animais domésticos.
Os champôs agem removendo mecanicamente as pulgas mas como são enxaguados têm uma acção residual muito diminuta. São úteis, no entanto, para eliminar as que existem no corpo do animal aquando do banho. Contudo, o champô nem sempre extermina todas as pulgas.

Em muitos casos pode recorrer-se à combinação de mais do que um produto, mas a sua escolha deve ser sempre aconselhada pelo veterinário.
Não opte por determinados produtos por simples conselho de um vizinho ou de um amigo.

Com o tempo e sucessivas utilizações, as pulgas criam resistências a alguns produtos. Assim, um determinado insecticida pode ser eficiente num local e ineficaz noutro.

Previna-se de uma infestação e trate regularmente do seu animal, não esquecendo que a sua casa também pode ser o refúgio destes bichinhos minúsculos que muitos transtornos podem causar.




Bibliografia:
Consultório Veterinário Municipalde Odivelas
http://www.cm-odivelas.pt/CamaraMunicipal/ServicosEquipamentos/ServicosVeterinarios/cvm/pulgas_carracas.asp

http://www.especialpet.com.br/

http://www.vetsantamonica.com.br/documentos/sobreapulga.htm