Artigo retirado de:
http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=10
Autor:
Mastah (Paulo Azevedo) [ Europe/Lisbon ] 2003/08/19 22:17

Algumas coisas que deve saber sobre o FIV - Imunodeficiência Felina

Este não é um texto com explicações médicas sobre o FIV. Essas são da exclusiva competência dos médicos veterinários. No entanto, contém algumas indicações básicas que permitem compreender o que é o FIV e quais os seus efeitos no gatinho. Procura-se desta forma contribuir para atenuar os receios infundados que levam muita gente a pensar, mal escutam a palavra FIV, que o gato está condenado à morte e deve ser abatido. Ou seja, espera-se que ele possa contribuir para acabar com preconceitos que tanta dor têm causado a alguns animais indefesos.

Quem tem gatos e fala com pessoas que têm também estes extraordinários animais de companhia, já ouviu falar do FIV. Muitas pessoas, por curiosidade ou por necessidade, informaram-se junto do seu médico veterinário sobre o FIV. Para muitas outras, no entanto, o que é o FIV e quais as suas consequências, são algo que permanece obscuro, pouco claro, ou até mesmo, algo relativamente ao qual possuem uma ideia errada e que pode ter sérias consequências para o animal de estimação. Isto é uma realidade, até para pessoas que têm gatos há anos.

É verdade que há pessoas que abandonam o animal por ele ter FIV (se os abandonam mesmo saudáveis, tal não é algo que, em rigor, nos surpreenda).

É também verdade que há pessoas que vão ao cúmulo de querer mandar abater o gato quando descobrem que ele tem FIV, (nomeadamente porque acham que podem, também elas próprias, ficar contagiadas).

E é ainda verdade que há pessoas que, pretendendo adoptar um gato, encontram um de quem gostam e disponibilizam-se para a sua adopção, mas ao saberem que ele é FIV positivo, desistem imediatamente por não quererem um gato que, pensam, “é doente e vai morrer em breve”. O desconhecimento, a falta de informação e até mesmo a existência de informação errada, produzem efeitos devastadores nos gatos com FIV, vítimas de um preconceito a que é urgente pôr termo. Vários dos utilizadores deste Site possuem gatos com FIV, alguns há longos anos. São gatos normais, com vidas normais, com problemas normais, com brincadeiras normais. Que por vezes têm problemas de saúde que necessitam de imediatamente ser atacados com a medicação apropriada e que em vez de se curarem, por exemplo, numa semana, podem demorar duas ou três.


Em concreto, o que significa realmente ter um gato que é portador de FIV?


O FIV é um vírus de que se fala há relativamente pouco tempo, o que contribui para que ainda exista muita falta de informação sobre ele e, sobretudo, informação pouco correcta. Apenas afecta gatos. Não existe qualquer possibilidade de ele passar para outra espécie animal ou para os seres humanos. O vírus da imunodeficiência felina diminui a capacidade de defesa do gato, favorecendo o aparecimento de infecções e doenças oportunistas. O FIV não é uma doença, mas algo que torna o animal mais susceptível a contrair doenças.

Um dono responsável e cuidadoso aumenta exponencialmente a esperança de vida de um gato com FIV, ao garantir-lhe:

  • Uma alimentação cuidada,

  • Uma caderneta de vacinas em dia

  • E uma vida em harmonia, dentro de casa,

  • que reduzem os efeitos do vírus e permitem que a vida do gato seja prolongada.

    O vírus do FIV transmite-se apenas através do sangue, sobretudo através de lutas com mordeduras. Reforça-se que não existe qualquer perigo de contágio para o ser humano ou para qualquer outra espécie animal. Assim, se apenas tiver um gato, ou se tiver mais do que um, mas todos com FIV, não corre o risco de contagiar nenhum outro animal, a não ser que permita que o seu gato passeie pela rua, comportamento que é fortemente desaconselhável, na medida em que coloca em risco de contágio os outros gatos e expõe o seu gato ao contacto com outras doenças, que lhe são prejudiciais.

    Acresce ainda que, por se transmitir apenas por sangue, se o gato(a) estiver esterilizado e tiver um feitio dócil, representará um risco ínfimo para outros gatos, uma vez que não irá entrar em lutas, única via que poderia levar ao contágio.

    Se apenas descobriu agora que o gato é portador de FIV e até à data ele esteve junto dos seus outros animais, deve falar com o seu veterinário e procurar a melhor solução, ou seja, ponderar as vantagens em continuar a mantê-los todos juntos ou separar o gato com FIV noutra divisão da casa. O stress da separação é terrível para os animais, que como sabemos, estabelecem entre si relações de amor e sincera amizade e não é por isso pacifico que essa seja a solução mais adequada. Dar o seu gato ou abandoná-lo, evidentemente, não são opções. Se o fossem, certamente que não estaria a ler este texto.


    Que Sintomas podem indicar que o Gato tem FIV?


    Um gato pode ser portador do vírus e viver anos sem que existam quaisquer sintomas que o revelem. Se o gato começar a ter infecções secundárias persistentes, tais como problemas respiratórios, falta de apetite, febre, emagrecimento, diarreia persistente, pode haver suspeita que justifique a realização do teste. Se ele for positivo, deve ter cuidados acrescidos.

    É natural que o tratamento destas infecções/doenças seja mais prolongado num gato que seja FIV positivo. Se tem suspeitas de que o seu companheiro de longa data possa ser FIV positivo, faça-lhe o teste no seu veterinário. Mas seja qual for o resultado, não o desiluda: mantenha-se um dono responsável. Lembre-se que o abandono de animais desqualifica o ser humano. Não traia a confiança de quem lhe entregou a sua vida.


    Adoptar um gato com FIV


    Por outro lado, se está à procura de um animal de companhia e a sua preferência vai para o gato, coloque a possibilidade de dar um lar a um dos muitos gatos com FIV que estão abandonados. Ao fazê-lo, está provavelmente a dar a esse gato hipótese de viver um tempo que lhe será negado se permanecer abandonado, ainda que num gatil. Pelo que atrás ficou dito, é inegável que um gato com FIV precisa de um dono atento e que o cuide, o que os nossos gatis superlotados não conseguem garantir.


    Se observar algumas regras básicas, nomeadamente:
  • ter em atenção que o seu gato está fragilizado e por isso, tomar as precauções necessárias para que não fique sujeito a doença;

  • preocupar-se em dar ao gato uma alimentação rica. Suplementos vitamínicos e de sais minerais são também recomendados. Eventualmente, o veterinário poderá aconselhar uma dieta específica;

  • evitar que o gato saia de casa ou que contacte com outros gatos;

  • manter as vacinas em dia;

  • manter-se atento à saúde do animal e tratá-lo quando surgirem sintomas de alguma doença,

  • pode dizer-se que o principal risco que está a correr, ao adoptar um gato com FIV, é o de que ele lhe faça companhia por muitos e bons anos. Quando ele partir, terá a certeza de ter feito o possível para que ele fosse feliz.

    Para saber mais sobre FIV
  • L.B. Animal Hospital
  • Vetinfo
  • Bengal Cats and FIV
  • Lembre-se que não é apenas nas pessoas que o preconceito e a solidão destroem e causam dor.

    Também nos gatos, o preconceito faz a diferença entre a vida e a morte.

    Muitos donos abandonam os seus animais doentes, por medo de contágio (que não existe), condenando-os ao sofrimento físico e psicológico.

    Quando recolhidos e tratados em gatis, estes gatos não têm muitas hipóteses de ser adoptados, pela persistência do preconceito. Ficam por isso condenados a viver em jaulas, o resto das suas vidas. Mas os gatis são locais propícios à proliferação de doença, por isso eles são vítimas potenciais.

    Donos esclarecidos e responsáveis fazem a diferença para estes gatos.

    Se quer adoptar um gato, lembre-se que um gato com FIV pode levar uma vida normal e viver muitos anos. Contribua para que esses anos sejam vividos no conforto de um lar, com carinho e atenção e não numa jaula, ou sobrevivendo na rua, sujeito a perigos e riscos acrescidos. Há animais encantadores que esperam por si. Alguns estão na base de dados de adopção deste Site. Vá conhecê-los.



    Autoria: Adélia Costa



    Encontra nesta página um folheto sobre FIV que pode imprimir:
    http://www.felinus.org/index.php?area=artigo&action=show&id=57