Afinal... os cães também choram?!
Não sei... talvez sim, embora não mostrem com lágrimas...
Mas ao afastar-me, olhei para trás (foi quando o fotografei) e pareceu-me ver uma lágrima no olho!
Talvez o teu novo amigo tenha sentido como gostas dos animais e te tenha arranjado um belo lugar no seu coração!Quando lá voltares dá-lhe uma festinha minha, prometes?
Agora estou eu a chorar....cumpriste a promessa? Voltaste lá? Quando lá fores fála-lhe de nós e faz-lhe muitas e muitas festinhas acompanhadas por algumas guloseimas!
Tadinho... mas não terá quem lhe faça companhia durante o dia? Talvez os trabalhadores da dita zona industrial? Para ser tão afável não deve ser mal tratado...
Este cão nem é meu, mas sim um cão de guarda (afinal sem vocação para essa função) numa zona industrial (onde vive solitário e sem carinho dum dono fiel e dedicado) que minutos antes me ladrava furiosamente quando passei próximo de bicicleta!
Parei, aproximei-me... e após umas palavritas (conversas d'homem pra cão), umas suaves assobiadelas (e outros preliminarzitos, eheh), finalmente dei comigo a acariciar-lhe a cabeça (e ele correspondendo abanando o rabinho)...
Atitudes estas, afinal, que são vulgares...
Mas não tão vulgar foi a atitude do cão (demonstrando uma estranha amizade canina quase à 1ª vista) quando me afastava, pois parecia estranhamente triste (com o rabo entre as pernas e a olhar-me muito fixamente).
Mal eu voltava atrás, logo o rabito recomeçava a abanar.
Pela última vez afastei-me, olhei para ele e até fiquei comovido ao vê-lo assim, meio entalado entre as barras, imóvel...
Até parecia ter uma tristeza humana, tão humana que tive a sensação de ver uma lágrima no olho, o que é muito estranho (como estranha é esta estranha amizade à 1ª vista, como raras vezes acontece entre pessoas).
Foi então que o fotografei...
E ao afastar-me definitivamente, ia olhando para trás e, até o perder de vista, permaneceu sempre nesta posição.
Foi, pois, uma inesperada e curta amizade... que originou uma estranha e comovente despedida...