Um estudo britânico, recentemente publicado na revista científica «Proceedings of the Royal Society», vem provar que o voo das borboletas não é arbitrário.
Uma equipa de investigadores ingleses do centro de investigação Rothamsted Research, em Hertfordshire, divulgou algo que vem alterar profundamente a visão tradicional que temos sobre o comportamento destes extraordinários insectos.
Os resultados de um estudo sobre os padrões de voo das borboletas, recentemente publicado na revista científica «Proceedings of the Royal Society», revelam que, mesmo quando voam aos ziguezagues, elas sabem precisamente para onde vão.
Depois de seguirem o voo dos lepidópteros com radares em miniatura, os cientistas concluíram que as borboletas são capazes de localizar um habitat favorável ou um bom sítio para hibernar, e de voar directa e deliberadamente até uma fonte de alimento.
Quando identificam estes alvos, elas empreendem um voo linear, que pode ir até aos 200 metros de extensão, e vão directas até ao objectivo identificado.
Esta investigação permitiu verificar que existem dois padrões de voo diferentes: um mais rápido e directo; e outro, de reconhecimento, mais lento e menos linear.
Para conseguirem monitorizar estes voos, os investigadores fixaram um pequeno emissor, com 12 miligramas de peso, no dorso de 30 borboletas, depois de se certificarem que o aparelho não alterava o seu padrão de comportamento.
Este novo método revelou-se eficaz e permitiu observá-las num raio de um quilómetro. Um facto inédito já que, até aqui, as observações eram feitas a olho nú e, como tal, o raio de observação não excedia os limites da nossa capacidade visual, ou seja, mais ou menos, 50 metros.
Este estudo tinha como objectivo compreender como é que as borboletas conseguem sobreviver num ambiente cada vez mais degradado e determinar quais as medidas que devem ser tomadas para proteger as várias espécies existentes. Lizzie Cant, uma das suas autoras, planeia agora repetir esta experiência com exemplares raros de borboletas.
Esta descoberta vem destruir a fama de volubilidade destes insectos que, no século XVIII, foram usados por vários autores como um símbolo da frivolidade feminina. Como lembra António Mega Ferreira (na revista «Visão»), até Eça de Queiroz se enganou.
Na «Correspondência de Fradique Mendes», diz o narrador: «O diletante corre entre as ideias e os factos como as borboletas correm entre as flores, para pousar, retomar logo o voo estouvado, encontrando nessa fugidia mutabilidade o deleite supremo». Uma definição que afinal não corresponde à verdade científica.
Em http://ciberia.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=id.stories/2481
|