ACUPUNCTURA
Agulhas complementam as terapias convencionais em várias doenças
"Yin tang" e "suzanli" são termos que nada dizem aos animais que temos em casa. O primeiro reverte para um ponto na testa, mesmo entre sobrancelhas, enquanto o segundo se refere a um ponto localizado na parte de fora do joelho. Isto, segundo a nomenclatura usada pela medicina tradicional chinesa, que vai sendo conhecida dos humanos que perderam os complexos em relação às terapias não convencionais. Incipiente, contudo, é o recurso às técnicas orientais quando em causa está a saúde dos animais domésticos.
Espetar agulhas em várias partes do corpo de um cão ou de um gato pode parecer estranho, mas é quase certo que o animal fica calmo. No ponto "yin tang", então, o resultado é surpreendente "O 'yin tang' é obrigatório em qualquer animal, porque é muito ansiolítico". Quem o afirma é o médico veterinário brasileiro Eduardo Cole, que recentemente participou num "workshop" promovido pela Associação de Estudantes do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto. A acupunctura e outras técnicas serviram de mote à iniciativa.
Paciente porque já de si é tranquilo, o beagle que fez de paciente nas sessões práticas da iniciativa não podia ter arranjado melhor maneira de corroborar a afirmação de Eduardo Cole, pois pura e simplesmente adormeceu sentado. Caso não fosse um cão saudável, a agulha que tinha no "yin tang" seria, em conjugação com outras, um tratamento complementar a uma série de maleitas. De acordo com o especialista, docente na Universidade Rural Federal de Pernambuco, a acupunctura cura "todos os distúrbios de ansiedade e é muito usada em distúrbios hormonais".
Trata-se de uma técnica que, "se não é para curar, é coadjuvante da medicina", segundo Cole. O médico veterinário não tem dúvidas de que "é altamente analgésica e pode ser usada em qualquer dor". Cita o exemplo da hérnia discal "A acupunctura não retira a discopatia, mas é importante na condução clínica do paciente. Proporciona conforto e produz analgesias". Eduardo Cole garante ter tido êxito também noutros casos complicados, "como cães tetraplégicos que voltaram a andar ao fim de seis meses".
A acupunctura actua sobre a energia do animal. Serve, segundo o especialista brasileiro, para "manipular a energia do paciente". Quanto aos efeitos, são "absolutamente individuais", ou seja, variam muito entre sujeitos, mesmo tratando-se, por exemplo, de cães da mesma ninhada.
Há dez anos que Eduardo Cole recorre aos métodos da medicina tradicional chinesa no tratamento de cães e gatos, o que é já bastante normal no Brasil. Moxabustão, electroacupunctura e fitoterapia são outras técnicas orientais muito usadas.
Hérnias discais sem recurso à cirurgia
Américo Moreira exerce medicina veterinária no Porto e rendeu-se aos princípios da medicina tradicional chinesa em 1986. "A acupunctura é um dos métodos que utilizo para tratar os meus pacientes, mas nunca como método único", refere. Ou seja, as técnicas orientais servem como complemento à medicina convencional. Da sua experiência, salienta o facto de ter deixado de operar animais com hérnias discais, pois a terapia das agulhas permitiu obter taxas de sucesso muito semelhantes às da cirurgia, "que é um método muito mais invasivo". Quanto à aceitação por parte dos donos, tem encontrado dois tipos os que ouvem falar da acupunctura pela primeira vez e aceitam que o animal se submeta ao tratamento; e os que donos que já foram tratados pela medicina chinesa "e agradecem que o animal seja tratado da mesma maneira".
Autora: Isabel Peixoto
http://jn.sapo.pt/2005/04/05/etcetera/medicina_tradicional_chinesa_ajuda_a.html
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