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Cardiologia: cirurgia inédita em Portugal salva vida de cadela

Chama-se Maria, tem quatro anos e é o primeiro canídeo em Portugal a ser submetido à implantação de um ‘pacemaker’. Um feito inédito e um luxo apenas acessível a uma minoria dos ‘bobbies’. É que, para além de complexa, a intervenção é sobretudo cara. Só o aparelho custa cerca de 1500 euros, a que se junta ainda o trabalho da equipa médica. Neste caso, todavia, o fabricante ‘Guidant’, cedeu o ‘pacemaker’ gratuitamente.

A cadela, um cão d’água cruzado com caniche, foi intervencionada a 20 do mês passado, durante cerca de uma hora e meia, por especialistas do Hospital Veterinário Montenegro, no Porto, e do Instituto Abel Salazar, a que se juntou o Serviço de Cardiologia do Hospital de Santo António, a fim de dar resposta ao bloqueio cardíaco de que padecia. “O sangue, que se acumulava no coração, impedia esforços intensos e condicionava os batimentos cardíacos que, antes da operação, estavam a 40, muito abaixo dos normais 120”, explica o veterinário Rui Pereira.

Falta de ar, desmaios frequentes e a iminência de morte levaram a que lhe fosse colocado um ‘pacemaker’ – pequeno aparelho que faz uma estimulação do coração para que este se contraia – em tudo igual ao dos humanos, apenas com algumas adaptações. O suficiente para que, desde então, conta Margarida Valente, a dona, Maria voltasse a ter a actividade de antes. “Ela nem parece a mesma, sempre a saltar e a brincar”.

DETALHES



CONTRARIAR O DESTINO

Os problemas de saúde da Maria começaram há um ano. As crises de falta de ar sucediam-se e os desmaios eram frequentes. “Pensei que era passageiro”, explica a dona. No entanto, porque os problemas permaneciam, Margarida Valente levou a cadela ao médico, que a informou de que não havia solução. Apenas um ano depois, numa consulta de urgência no Hospital Montenegro, lhe foi colocada a hipótese de um ‘pacemaker’.

INTERVENÇÃO DE ROTINA

Apesar de entre nós a colocação de ‘pacemakers’ em animais ser ainda uma novidade, nos Estados Unidos é já considerada uma intervenção quase de rotina. Cerca de 200 aparelhos do género são implantados todos os anos em animais, sobretudo cães, ainda que a colocação também se faça em gatos e ainda cavalos.

SEGUNDA MÃO

Também nos Estados Unidos, um número cada vez maior de pessoas está a doar os seus órgãos, assim como os seus ‘pacemakers’, depois de mortos. Uma lei federal impede que os aparelhos sejam usados em humanos, mas pode salvar a vida dos animais.


Autora: Carla Marina Mendes

http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=149913&idCanal=10

- Becas (Fernanda Ferreira) [ Europe/Lisbon ] 2005/02/21 18:44

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