(de braços no ar e sorriso pateta de orelha a orelha) Consegui!!!! La la la la la la...
A fera foi domada!!!
Cheguei a casa, e depois das festinhas do costume, dos prrrrrrrrrs da Kira e do ronron tipo tractor do Garfield, coloquei uma mantinha em cima da mesa, abri a tablete de comprimidos e coloquei uns docinhos da Whiskas ao lado, tudo a postos como numa sala de operações...
(Por esta altura o Garfield sentou-se em cima da manta e estava com aquele ar de quem estava disposto a tomar o comprimido, engolir a manta e tudo o mais que viesse, contando que a seguir viesse uma guloseima).
Aproveitei este momento para examinar o tamanho do comprimido e olhar para a garganta do Garfield, tentando determinar se seria necessário partir o comprimido ao meio. Olhei para o pescocinho dele, para o comprimido, novamente para o pescoço e mais uma vez para o comprimido. “Nah”, pensei eu, “se eles engolem pedaços de frango deste tamanho, isto também desliza”.
Esperei que a Kira entrasse na cozinha e fechei a porta. Imediatamente se pôs em sentido. Depois de andar de joelhos atrás dela debaixo da mesa “anda cá bichinha, vá que isto é rápido, é para o teu bem”, blá , blá, blá... Ela acabou por se resignar e literalmente estacou no chão deitada. Só tive de pegá-la ao colo, colocá-la em cima da mesa e envolvê-la na manta. Pus a bichaninha ao meu colo, que me dá mais jeito, e vá de tentar abrir a boca... aproveitei o momento e zás, catapultei o comprimido lá para dentro, fechando-lhe a boca logo a seguir.
“Aaaaahhhh, então foi fácil”, estão vocês a pensar...
Um momento, que ainda não acabei!!! :) O comprimido andou numa volta de montanha russa entre as mandíbulas da rapariga e acabou sendo SU-A-VE-MEN-TE empurrado através dos dentes da frente da donzela.
Peguei no pedacito de pó e massa, já pegajoso (vocês não estão a comer, pois não? :) ) entre os meus dedos e disse “tem paciência, mas vais ter de engolir isto”.
E aí aquele monte de pelo adorável desapareceu no meio da manta! Puff!
Só com as orelhinhas de fora, visivelmente enervada (acrescente-se que as minhas pernas tremiam), apertei a manta à volta dela e “descasquei” o topo (como se de uma banana se tratasse) até conseguir ver novamente aquela cabecinha medrosa. E volto a tentar abrir-lhe a boca. E o ritual repete-se, e por 3 vezes precisei “descascar” a manta. Nos entretantos, ia falando calmamente com ela, dando-lhe beijinhos na testa, enfim...
A manta começava a desenrolar-se e já começava a sentir-se uma patinha solta. Então levantei-a no ar e tentando embrulhar de novo a manta o melhor possível no meio do esforço para não a deixar cair, optei desta vez por colocá-la em cima da mesa. Repete-se a tentativa, vai de novo o comprimido para o fundo da garganta da menina, e aí aproveitei uma das dicas que os meus amigos felinodependentes sugeriram: massagei a garganta. O olhar dela dizia-me “Estou a enganar-te. Assim que me largares, cuspo-te o comprimido no nariz!!!” Então tentei abrir-lhe a boca para me certificar de que ela já o tinha engolido. É o abres!!! “Quiseste dar-me isto à viva força... Agora não devolvo!!!”
Bem, confiei que aquilo lá tinha seguido o canal correcto, e tento dar-lhe finalmente a guloseima, até como garantia de que já nada ocupava o espaço entre o céu da boca e a língua da bichana. Mas népias! “Sobremesa, agora? Não quero, estou cheia. Quero é ir fazer um xixi. Com licença!” E lá foi a princesa trolitando para o WC.
Fim (deste capítulo!)
Autoria: Filipa Bastos
22 de Maio de 2003
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