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Artigos  » Crónicas » Histórias Felizes

Tripé

Aqui há uns tempos, na Costa de Caparica, havia um grupo de gatinhos a que a família da minha ex-namorada dava constantemente comida. Bom, pode-se dizer que aquilo é verdadeiramente um karma, porque onde quer que aquela família vá, há um grupo de gatinhos de rua que eles alimentam.

Bom, naquela rua os gatos são mais do que muitos, mas havia um em particular que era muito, muito meiguinho. Até pensávamos que já tinha tido dono, porque além de ser maior do que os outros, não fugia de nós e gostava muito de festinhas e de se roçar nas nossas pernas.

Um belo, dia, o gato desapareceu. Pura e simplesmente deixou de aparecer para vir comer. Ao fim de quatro dias lá se soube que tinha sido atropelado por um carro, e que, em pânico, tinha fugido para as terras. A mãe da minha ex-namorada, ao saber isto, foi procurá-lo, e chamou, chamou, chamou. E tanto chamou que o pobre bichano, magro, sujo, cheio de sangue e a arrastar uma patita, lá apareceu, sem forças, sequer, para miar.

Ela, a chorar mais do que o animal, pegou nele, ligou ao marido, e levaram-no para a cliníca veterinária da Charneca da Caparica. E se não o tivessem feito, o gatinho teria morrido, possivelmente no próprio dia ou no dia seguinte, porque já não aguentaria muito mais sem comer nem beber.

A patita teve de ser amputada (depois de o veterinário se certificar que a conta seria paga, naturalmente), e, alguns dias de internamento depois, quando chegou a hora da alta, as hipóteses eram:

a) colocar o gato de novo na rua (e se já era mimado, com uma pata a menos, seria ainda mais difícil de sobreviver)

b) ficar com ele, e tentar que houvesse uma convivência pacífica com o veterano da casa, o Teimoso, que já lá estava há dez anos

Claro que a hipótese vencedora foi a b), sem hesitação.

A convivência pacífica nunca foi verdadeiramente atingida, mas aquele é mesmo um amor de gato. Começa a ronronar só de olhar para as pessoas, e é impossível não rir dele, porque quando se quer deitar, ... ele cai. Pura esimplesmente deixa-se cair.

Sua excelência foi baptizado de Piruças, mas para mim, um gato com três patas, só podia chamar-se Tripé. A alcunha não reune (ainda hoje), o acordo da família toda, mas para mim é sempre o Tripé. O gato mais meloso que existe.

Autor:Paulo Farinha

- catw (Carla Mar) [ Europe/Lisbon ] 2003/10/02 10:40

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» ecnova ( Cissa V. Nova) » [ Europe/Lisbon ] 2006/06/29 18:58
Linda história e com um feliz final! clap.gif

» raka ( Raquel Domingos) » [ Europe/Lisbon ] 2003/10/24 12:38
Tripé, claro! Não só é um nome com sentido de humor como muito carinhoso wink.gif.

» Ana Ramos ( Ana Ramos) » [ Europe/Lisbon ] 2003/10/08 01:16
lindo...... e Tripé é muito giro..

» jacinto ( JORGE JACINTO) » [ Europe/Lisbon ] 2003/10/02 13:42
Bem ternurenta esta história !

» Scarlet ( Isabel C.) » [ Europe/Lisbon ] 2003/10/02 13:42
Acabou por ser um gatinho afortunado, o Tripé (gosto deste nome, que acho bastante mais giro que Piruças)! Parabéns pela decisão! Tenho a certeza que o Reiki da Fátima vai ter a mesma sorte! Quem adopta um gatinho deficiente dá muito mais garantias de vir a amá-lo para sempre do que quem opta por um "normal"...

» fabriro ( Fátima Rodrigues) » [ Europe/Lisbon ] 2003/10/02 11:30
Porque será que esta história me é tão familiar???
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