Ora bem, hoje vai ser um dia complicado. Como, aliás, todos.
Deixa-me pensar nas coisas que tenho para fazer: ir às compras, abastecer o carro. Estudar um bocado, que os exames estão à porta. Ver o mail. Dar de comer aos peludos. Fazer uma festinha ao pendura, que passa o dia naquele quarto, tanto tempo sozinho. Fazer a cama, o almoço, lavar a loiça, pôr roupa na máquina, tirar roupa da máquina, pendurá-la, passá-la a ferro ao serão.
Bem, estou tramada. Tenho que pôr as células cinzentas a trabalhar também para um trabalho da Universidade? E, depois, perco sempre tanto tempo a pensar como vou organizar o meu dia...
Autor: Leonor
A ver se te convenço...
Ah, ouvir o Igas. Sim, porque para quem não sabe, sou a secretária dele. Mais uma coisa na lista. Ouvir a minha colega de casa. O meu namorado. Ligar à Susana a pedir conselhos acerca do pendura.
Está, lá fora, um dia lindo, mesmo a chover e nublado. Quem me dera ter vida de gato e poder ir à varanda apanhar banhos de nuvens! Sim, porque o tempo não dá para mais... Mas sou humana, tenho que me contentar em filosofar acerca da “injustiça” de estar aqui, nesta casa cheia de coisas, a pensar no meu dia, atarefada, atrapalhada.
Depois, se tiver tempo, brinco um pouco com as minhas crianças peludas. Vou brincar com elas até me saltarem os pulmões pela boca de tanto me rir e correr e saltar e...
...ah sim, tenho tanta coisa para fazer. Arrumar a secretária. Aspirar a casa. Beber 1,5l de água. Não deixar os gatos entrar no quarto do Igas, para não haver complicações, durante uns dias, por causa daquilo que ele tem na pele. Nota mental: lavar as mãos depois de lhe fazer festas.
“Brrrrrr” – conheço este trinado. É-me tão familiar! Costumo ouvi-lo todos os dias, como forma de cumprimento. É um olá.
“Brrrrrr” uma vez mais. Estou à secretária, a desabafar para o PC os meus problemas, também a adiá-los um pouco. Olho para o lado e para baixo.
Squish! É a minha criança mais velha, que me olha, com olhos húmidos e tristonhos. Brrrrrr, diz-me ele de novo.
Autor: Leonor
Anda brincar comigo...
O que foi, lindo, quer papinha? Não há resposta. Bem, não tem fome. Volto ao teclado.
Brrrrrr! Mais insistente, desta vez, mais melodioso. Agora não, bebé, estou ocupada. Logo, mais ao fim do dia, prometo que...
Atira-se ao chão. Ok, faço-te umas festinhas, que tu gostas.
Quando aproximo a mão... ele foge! Ah, quer que o siga e brinque com ele. Mas lindo, não tenho tempo! Sim, porque eu tenho que fazer isto, mais isto, aquilo, e depois ainda...
...?
Mas o que faço eu? O que raio faço eu, que não aprendi nada ao fim deste tempo todo? Será possível que, já que me orgulho de ter uma cabeça em cima dos ombros, não me lembrar de todas as lições aprendidas no site Felinus? O tempo passa, não pára. Depois é tarde demais... Estás a perder tempo, oiço as vossas vozes a dizerem-me isso. Deixa-te de coisas. Sai daí.
Autor: Leonor
O que esperas? Vem...
Mas tantas coisas que tenho para...
E a vossa resposta: o que fazes neste preciso momento é mais precioso que o teu peludinho, que tudo o que pede é um pouco de atenção? Que raio de mamã estás a ser, se não dás mimo ao ser que se dedica a ti e te olha com todo o amor que tem? Que faz ronrom só para ti? E tu aqui, a escrever? Tem juízo.
E eu tive juízo. Pousei as mãos ao longo do corpo, apaguei mentalmente todas as tarefas que tinha para o dia de hoje, esqueci tudo, parei o tempo. Olhei para o Squish, que esperava, paciente, uma vez mais deitado a mostrar a barriga, que eu me aproximasse para fugir de novo e pedir para eu o seguir.
Anda cá que não me escapas! Larguei tudo como estava, aquele bocado era só nosso! A vida é feita destes momentos... Arrepender-me-ia se fosse de outra forma...
Squish, cá vou eu! Vais levar uma dose de mimo tal que depois até foges de mim, eheheheh! Uma dose reforçada de beijos, mimos, festas, atenção! Retribui-me com o teu tempo, meu lindo, que é o que tu me pedes...
Obrigada a todos, por me lembrarem estas pequenas coisas.
Lindo Leonor. É tão dificil, às vezes , abstrairmos do que tempos para fazer , das tarefas inuteis e repetitivas mas que são essenciais tb ao minimo essenial de quallidade de "estar". Quntas vezes eu não "perco" o tempo a brincar com a xinha e a fazer-lhe festinhas. A cama por fazer? Que se lixe, a roupa pra engomar e pra estender ~, pode esoerar.......eles nao podem!!!!!precisam de nós JÁ
Que bonito. Nesta selva hurbana, onde existe uma enorme pressão para que os humanos se transformem em maquinas, é necessário persirtir nesta forma de pensar. Dar importancia, ao que é realmente é importante. O meu amigo Jimmy, salvou-me no momento certo.
A minha gatinha quando chego a casa, mia e chama-me para ir para o meu quarto, deita-se na minha cama, para levar uma dose de festas, agora não quer outra coisa, basta ela querer que lhe dê atenção, mesmo que eu esteja a trabalhar, vem põe-se em cima do teclado, para não poder escrever e mia, tipo a mandar-me para o meu sitio!!! Mas adoro pois é sempre bom receber umas dentadinhas e arranhadelas da minha pilu.
Está muito bonito. Quem é que ainda não se sentiu mal por não estar a dar atenção quando os nossos bichaninhos pedem, só porque estamos a fazer qualquer outra coisa, muitas vezes fútil?!
Vais ver que daqui a muito,muito tempo quando já fores muito,muito velhinha terás a memória cheia de belas recordações e sorrirás para elas, porque recordar é viver......
Versão para Impressão
Enviar a um amigo
Eu às vezes deito-me tarde porque fico a brincar com eles. No dia seguinte tenho olheiras mas estou feliz e eles também!