A hasta pública promovida pela Câmara da Nazaré para a venda de 15 veados ficou hoje vazia de propostas pelo que a autarquia vai reabrir o procedimento para alienar os animais.
«Houve eventuais interessados [na aquisição dos animais] mas os requisitos legais para a sua compra, transporte e manutenção são mais complicados do que se pensava inicialmente e a hasta pública ficou deserta», afirmou Belarmino Fonte, presidente do júri.
O júri deliberou que seja reaberto o processo de hasta pública para a alienação dos veados, que o mesmo responsável estima que possa vir a repetir-se «dentro de 15 dias a três semanas».
Um prazo que o júri estima que seja suficiente para que os interessados possam «dar os passos necessários», nomeadamente a obtenção de um alvará junto da Autoridade Florestal Nacional.
Os animais (nove machos e seis fêmeas), fazem parte de uma comunidade de 33 veados que povoam cerca de três hectares do cercado do Pinhal de Nossa Senhora da Nazaré, junto à praia do Norte.
O repovoamento do Pinhal de Nossa Senhora da Nazaré com animais de médio porte, nomeadamente veados e gamos, nasceu de um projecto desenvolvido pela câmara municipal e pela Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, desde 2005.
«Durante estes anos verificou-se uma adaptação favorável que se traduz numa considerável capacidade de reprodução», sublinhou o presidente da Câmara, Jorge Barroso, admitindo que a alienação de veados «passe a ser uma prática sistemática».
A opção pelos cervídeos surgiu como uma evocação à lenda do milagre de D. Fuas Roupinho, segundo a qual o alcaide avistou um veado quando caçava e começou a persegui-lo até que o animal se dirigiu para uma falésia na Nazaré, onde, de súbito, surgiu um denso nevoeiro.
Quando o cavaleiro se deu conta estava no topo da falésia, em perigo de morte, mas reconheceu estar ao lado da gruta onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora. Ao rogar «Senhora, valei-me», o cavalo fincou as patas no bico rochoso suspenso sobre o vazio e D. Fuas salvou-se, enquanto o veado se precipitou para o oceano.
O alcaide mandou então construir no local uma capela.
Além desta associação à lenda, o projecto revelou-se, segundo o presidente da câmara, uma aposta ganha do ponto de vista ambiental, com «o desenvolvimento de uma avifauna que já permitiu, por exemplo, o avistamento de esquilos» no local bastante frequentado por escolas e famílias.
Lusa/SOL
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