Um movimento de cidadãos entrega terça-feira no Parlamento uma petiçãocom cerca de 5000 assinaturas contra a construção do Biotério da Azambuja, defendendo que existem alternativas mais credíveis em termos científicos e económicos.
O Biotério da Azambuja, um local onde serão criados e mantidos animais (como ratos, cães e coelhos) com a finalidade de serem usados como cobaias em experimentação científica, é um projecto da Fundação Champalimaud orçado em 36 milhões de euros, ao qual se associou a Fundação Gulbenkian e a Universidade Nova de Lisboa.
“O Biotério da Azambuja vai perpetuar um modelo científico que a nosso ver é caduco e ultrapassado e que vai prejudicar em grande medida os resultados que se obtiverem”, disse à agência Lusa o porta-voz da Plataforma de Objecção ao Biotério.
Segundo João Pedro Santos, existem cada vez mais evidências científicas de que a experimentação animal pode debilitar grandemente as soluções para as doenças neurológicas.
“Apesar da anatomia e fisiologia das cobaias ser bastante próxima da anatomia e fisiologia humanas, existem distinções subtis que são cruciais no processo científico”, explicou, revelando ter informações de que o centro da Azambuja terá uma forte componente comercial de venda de cobaias para outros países.
Por outro lado, lembra que a Comissão Europeia prepara-se para proibir a partir de 2012 toda a experimentação animal em cosméticos, um primeiro passo tendo em vista o fim da experimentação animal também na medicina e nas farmacêuticas.
“É um centro que terá certamente uma utilização limitada, quer cientificamente, quer temporalmente. Daqui a 10 anos a União Europeia vai estar a vetar a utilização de biotérios na Europa”, afirmou.
Em substituição do Biotério, a Plataforma propõe a criação de um Centro3R em Portugal, que afirma apresentarem-se actualmente como a alternativa científica “mais credível” aos tradicionais métodos de experimentação animal.
“Realizam alguma experimentação animal a nível muito mais reduzido e fazem a mesma experiência com métodos alternativos. Se chegarem à mesma conclusão passam a usar somente o método alternativo”, explicou.
O Biotério da Azambuja terá capacidade para entre 20 a 25 mil gaiolas para animais, vindo a criar entre 80 a 100 novos postos de trabalho.
Será apoiado por fundos comunitários no âmbito do programa de acção aprovado pelo Governo para as regiões Oeste e da lezíria e que prevê compensações pela deslocalização da construção do aeroporto na OTA.
A agência Lusa contactou a Fundação Champalimaud, mas a instituição não quis prestar quaisquer comentários sobre a questão do Biotério da Azambuja.
18.01.2010 - 07:45 Por Lusa
Público/Lusa, 18 de Janeiro de 2010
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