A Ana Ramos contou-me a história de uma gata dela muito especial, a propósito do Dia Mundial do Animal. Desde há treze anos atrás que esta gata e este dia estão muito ligados, e é por isso que escrevo agora a história, em forma de homenagem à gata que era perfeita.
Chamava-se Igrain e a história começou há treze anos com as comemorações do Dia Mundial do Animal. Foi o primeiro ano em que a Ana foi com gatos para adopção. No ano anterior tinha ido lá pela primeira vez, mas sem gatos para dar. Mas desta vez levava três bebés. Conseguiu dar um deles, e não deu as outras duas porque estavam doentes. Levou-as de novo para casa. Uma delas acabou por morrer. Ficou a outra, uma gatinha preta e branca que estava doente com uma pneumonia e nunca mais se curava. Era a Igrain, e acabou por ir ficando e por adoptar a Ana.
Como nunca mais se curava, veio a descobrir-se que era positiva a FIV. A Ana não tinha o preconceito do FIV e nessa altura já estava informada sobre o vírus, e já tinha tido outra gata assim, a Gwenevere.
A Igrain curou-se e nunca mais voltou a adoecer até ao dia em que chegou a hora de partir.
Era uma gata espectacular, que adorava a Ana e adorava os outros gatos. Dormia abraçada a ela e não deixava mais nenhum gato aproximar-se. E quando estava ao colo também não deixava mais nenhum ir. A Ana era dela. E era uma gata que se portava sempre bem e nunca fazia disparates. Era perfeita.
O facto de ter FIV e de ter estado tão doente ao início não a impediu de ser uma gata maravilhosa e uma verdadeira amiga. E esta é a grande lição que ela nos dá. Que o amor dos gatos não se vê por fora.
Hoje ainda existem muitos preconceitos e normalmente as pessoas só querem adoptar gatos saudáveis. Mas os amigos vêem-se por dentro. Muito mais importante que o aspecto exterior dos animais, e que os vírus como o FIV que ainda é muito mal compreendido e visto como um bicho-de-sete-cabeças, é o amor que eles têm para nos dar. E a amizade. E a Igrain foi uma gata espectacular e foi saudável, apesar de ter estado muito doente ao princípio.
E esta gatinha muito querida e muito amiga da Ana partiu este ano, em Junho, com um cancro. Este é o primeiro ano que a Ana passa as comemorações do Dia Mundial do Animal sem ela. Desde o ano em que a levou que tem ido sempre todos os anos.
E foi graças a esta gata e a tudo o que ela ensinou que a Ana começou a lutar mais activamente pelos animais. E começou a participar em campanhas e a colaborar com associações e a operar gatos de rua. E tem feito um trabalho muito importante em nome desta causa. A história da Igrain é também a história da minha madrinha Ana Ramos e da sua luta pelos animais que se iniciou a partir da altura em que esta gata entrou na sua vida.
Foi uma gata MUITO importante. Por isso é tão importante lembrá-la neste dia. E continuará sempre viva na memória, porque a Ana um dia me disse a mim que os gatos vivem enquanto nos lembrarmos deles.
É uma grande lição para todos o amor que esta gata soube dar. Não importa que fosse FIV. Era muito mais: era uma amiga muito grande, e isso, sim, é importante.
É um grande exemplo para seguirmos todos e para deixarmos para trás os nossos preconceitos. Porque os gatos nos ensinam sempre muito, e a Igrain hoje ensina-nos isto.
Rita Lavado
Outubro 2007
Ela não era a minha gata na realidade. Eu era a humana dela. Fazia 12 anos no dia 4 de Outubro que ma deram para ir para uma campanha da LPDA (dia Mundial). A 1ª campanha a que fui para dar animais. Ela vinha doente, pulgas com gata, e acabou por ficar. Foi a minha 5ª gata. Desde esse dia nunca mais deixei de ir a campanhas e meti-me a sério no salvar e dar animais. A ela o devo. A ela devo todo o trabalho que entretanto iniciei.
Post da Ana no fórum do felinus na altura em que a sua querida Igrain partiu
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