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Cão-d'água português ajuda a perceber causa genética do tamanho dos cães |
Autor: Ana Melo | | Gui de língua de fora | É um pouco como o Bucha e Estica: o contraste pode ser total. Nos extremos estão o Grand Danois, o maior cão do mundo, e o Chihuahua, o mais pequeno de todos, com os seus poucos centímetros. Mas porque razão variam os cães tanto em tamanho? A resposta está num pedaço de ADN (molécula que codifica a informação genética) e a porta para descoberta, publicada hoje na Science, foi o estudo de uma raça concreta: o cão-d'água português.
O estudo foi feito por investigadores dos Estados Unidos, e o facto de a escolha ter recaído sobre uma raça portuguesa de cães tem, afinal, uma explicação muito simples. É que este cão tem uma enorme variabilidade de tamanhos. Portanto, o "culpado" genético deveria ser fácil de encontrar no contexto de um genoma com muitas semelhanças, pensaram os cientistas.
Não se enganaram. E a facilidade com que a sequência genética que contém o IGF1 (o gene que codifica o factor 1 de crescimento) foi isolada é um bom indicador para o futuro. "Isto terá implicações tremendas para a saúde dos animais, já que isso torna possível fazer prevenção e aconselhamento aos donos dos animais", sublinhou a propósito Paul Jones, um dos co-autores do artigo, citado pelo serviço de notícias de ciência Eurekalert. Mas as repercussões vão mais além.
Companheiro de longa data do ser humano, que o domesticou há 15 mil anos, o cão sofreu cruzamentos artificiais ao longo de milénios, ditados pela vontade de donos e criadores. O resultado é uma variabilidade enorme de raças e tamanhos.
Ao desvendar a chave genética deste traço tão distintivo que é o tamanho dos animais, os cientistas abrem mais uma porta à compreensão da mecânica genética ligada aos traços morfológicos e ao desenvolvimento de doenças como o cancro, também nos seres humanos, explicam os investigadores.
O IGF1 determina a produção de uma hormona de crescimento e um outro estudo já tinha demonstrado que, por exemplo, entre os caniches, os maiores contêm maiores quantidades desta hormona no sangue.
Por outro lado, uma versão defeituosa daquele mesmo gene tem outros efeitos em ratinhos, que ficam mais pequeninos, e provoca uma doença rara (igualmente relacionada com morfologia) nos seres humanos. Por todas estas razões, sustentam os cientistas norte-americanos, a investigação da genética canina tem muito para ensinar sobre o papel de genes-chave que, afinal, não dizem apenas respeito aos cães, mas também (talvez sobretudo) ao seu melhor amigo. O ser humano, pois claro.
Autora: Filomena Naves
http://dn.sapo.pt/2007/04/06/sociedade/caodagua_portugues_ajuda_a_perceber_.html
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