[ Europe/Lisbon ] 2009/07/09 00:41 "Aninhas"
Há coisas que me ultrapassam no sentir, é como se fosse atingida por um raio e me desfizesse ou explodisse.
No final da semana passada percebi que a Aninhas estava com a respiração diferente.
Ela que nasceu com uma hérnia diafragmática sempre foi uma menina especial.
A que eu protegia mais das brincadeiras dos outros peludos e mais tarde do Manoel, a que eu olhava com atenção para ver como estava a respirar, a que eu procurava mimar duma maneira especial.
Na 2ª feira levei-a à Clínica Vet das Laranjeiras, foi vista e ficou logo internada.
Estava a respirar em apnéia e decidiram esterilizá-la no dia seguinte e fazer os possíveis na hérnia diafragmática.
A Aninhas nunca foi esterilizada porque segui os conselhos de 2 veterinárias que primeiro devia ser operada à hérnia e só depois ser submetida à OVH. Hoje estou convencida que se ela tivesse sido esterilizada mais cedo teria tido mais chances.
Ontem, 3ª feira de manhã fui levar uma gatinha de rua para ser esterilizada, a Sol, e fui mimar a minha Aninhas.
Estava deitada no areão mas veio até à porta da jaula «falar» comigo.
Telefonei na hora do almoço.
Estava tudo bem com a Sol e a Aninhas tinha começado a ser operada.
Passado uma hora liguei de novo. Ainda estava a decorrer a operação.
Deixei correr o tempo e por volta das 16h 40 não resisti mais.
Tive que esperar que o Dr. viesse ao telefone e as notícias eram ainda reservadas.
Fiquei chocada foi quando o Dr me disse que a Aninhas estava
GRÁVIDA de 3 bébés já com mês e meio…
O que provocou todo este processo.
O último cio que ela teve foi nos finais de Maio, altura em que o Júnior veio cá para casa.
Só que o Júnior foi castrado antes de vir.
Foi um pedido que fiz à miga que o esteve a tratar e a pôr em condições de ele ser posto nas adopções, precisamente por a Aninhas não estar esterilizada. Paguei a castração e fiquei convencida que estava tudo bem.
Mas não, infelizmente não. Não sei o que fez o veterinário se o castrou mesmo ou se se limitou a laquear – situação que não é 100% fiável.
O que eu sei é que por esta falta de profissionalismo eu estou de rastos e a minha pequenina perdeu a vida.
Quando cheguei à clínica tive que esperar um pouco e depois fui avançando sempre a olhar para as jaulas à procura da minha menina.
Esta noutra sala: tinha tido uma paragem respiratória.
E esta foi a descrição do vet:
A Aninhas já não tinha uma hérnia mas sim um rasgão enorme por onde tudo passou: fígado, intestinos – era uma massa de órgãos, todos juntos, alguns já colados entre si – um pulmão já não funcionava e o outro com muita dificuldade, a dra que a operou nem conseguiu apanhar o músculo para poder coser, teve que o fazer na própria parede da pele e dos órgãos.
Mesmo assim quando acordou ainda tinha fome. Mas estava com muitas dores e teve de ser fortemente medicada.
O dr foi-me mostrar os bébés: gordinhos, já bem formados, com umas cabecinhas lindas. A Aninhas mesmo que não tivesse sido operada não ia chegar ao fim da gravidez, ia sufocar antes disso.
A menina tinha um tubo directo ao pulmão e estavam a tentar tirar ar. Estavam à espera de novo raio-x que não foi animador: ainda tinha ar e uma bolsa com líquido.
O minúsculo espaço onde o pulmão estava espremido tinha aumentado imenso depois da cirurgia o que provocou um desiquilíbrio.
Tive de sair. Passado mais algum tempo chamaram-me de novo – a Aninhas tinha tido uma paragem cardíaca e já não havia mais nada a fazer.
Desligaram a máquina e eu fiquei sem a minha pequenina.
Se tivesse chegado a Agosto faria 2 aninhos.
Sinto-me vazia, procuro-a na casa, vejo-a parada a olhar para mim com aqueles olhinhos lindos e não a consigo encontrar.
8 de Julho de 2009
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